A busca pelos assassinos do cabo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) Ênio Roberto Santiago dos Santos, de 33 anos, completou ontem seis dias com um saldo de seis mortes, uma mulher ferida e três presos, além de apreensões de armas e drogas. Ao assumir o comando da tropa de elite da polícia fluminense na terça-feira, o tenente-coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes disse que vai até o fim no que chamou de “caçada”.
O cabo foi morto no dia 10. Ele tentou impedir o roubo de um carro na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, e foi baleado com um tiro na nuca. Santos era motorista do então comandante do Bope, Alberto Pinheiro Neto. A procura começou no mesmo dia nos Morros do Turano e Chacrinha.
Na segunda-feira, ocorreu a operação mais violenta. O Bope subiu o Morro Santo Amaro, no Catete, zona sul, e matou três traficantes que receberam os policiais a tiros. Ontem, o batalhão voltou aos Morros do Fallet e Fogueteiro, mas não prendeu ninguém nem nada foi apreendido. O Setor de Relações Públicas do Bope reafirmou ontem que todos os mortos eram ligados ao tráfico e ressaltou que as operações vão continuar.
Alerta
O sociólogo Ignácio Cano, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirmou que considera justa e necessária a busca pelos assassinos, mas afirmou que a postura do Bope em assumir a tarefa de achar os criminosos pode ser interpretada pela sociedade como revanche. “Pela lei, o trabalho deveria ser feito pela polícia investigativa. Isso só demonstra a esquizofrenia entre as polícias no Rio e reforça a lógica do extermínio mútuo entre policiais e criminosos.”