Brasília – Com pulso firme e sem ceder nos pontos centrais de suas propostas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu, em seis meses de governo, dar um ritmo à tramitação das reformas tributária e da Previdência de fazer inveja ao seu antecessor Fernando Henrique Cardoso. A despeito das polêmicas criadas em alguns casos pelos próprios aliados, como no caso da taxação dos servidores inativos, o Palácio do Planalto aprovou, com boa folga e em prazo recorde, a admissibilidade das duas emendas constitucionais na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Mas, daqui para frente, não será fácil o caminho que os aliados de Lula terão de percorrer até a aprovação final das reformas. O calendário, por exemplo, já começa a se arrastar. Por isso, os governistas ainda acham que é cedo para comemorações. “Comemorar agora é uma fria. Ainda vamos enfrentar muitas dificuldades. Precisamos ter cuidado, disciplina e paciência nas negociações com aliados e a oposição para assegurar o êxito das reformas”, diz o vice-líder do PT, deputado Paulo Bernardo (PR).
Para o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), o resultado das votações na CCJ, onde as admissibilidades das duas reformas foram aprovadas com 80% dos votos, é indicativo que mostra a capacidade do governo Lula de aprovar os textos nas etapas seguintes. Mas o líder do PMDB, deputado Eunício Oliveira (CE), considera que, para os resultados da votação da CCJ se repetirem, o governo terá de promover um entrosamento maior de sua base parlamentar.
Foi a falta de articulação entre os partidos da base que levou o governo a sofrer, esta semana, sua primeira derrota na comissão especial da reforma da Previdência. Por apenas um voto de diferença, foi aprovado um requerimento do deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) que exigirá a realização de audiências públicas nos estados. Isso não compromete o calendário de tramitação da proposta do governo, mas a derrota mostra as fragilidades da base parlamentar que o presidente Lula conseguiu consolidar neste primeiro semestre.
” Esse foi um fato isolado”, tenta minimizar o presidente do PT, José Genoino.
Mas ele admite que a aprovação das reformas no segundo semestre exigirá mais esforço e disciplina do governo. “Vamos enfrentar algum estresse, problemas e divergências, mas tudo isso será superado”, aposta.