Entre 2007 e 2011, o Brasil registrou apenas quatro casos de contaminação por HIV durante transfusões de sangue. Um deles é o da paciente Luciane (nome fictício), contaminada após uma cirurgia, em 2009, em Santa Catarina. No mesmo período, de acordo com o Ministério da Saúde, foram 16 milhões de transfusões feitas, o que, para o governo, demonstraria a segurança e a qualidade do sangue dos hemocentros brasileiros.

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Segundo Guilherme Genovez, coordenador de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Luciane foi contaminada pelo HIV no período da “janela imunológica” do vírus, fase em que nenhum exame disponível no mundo seria capaz de detectar a presença do agente no sangue.

 

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Isso acontece porque a pessoa contaminada com HIV já começa a transmitir o vírus no segundo dia após o contágio, mas o exame mais moderno que existe (o teste NAT, que avalia a presença do vírus no sangue) só é capaz de detectá-lo a partir do nono dia.

O teste Elisa, o mais comum, detecta a presença de anticorpos no sangue, mas essa sensibilidade só é identificada entre 15 e 20 dias após o contágio.

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Alto custo

Uma diferença importante entre eles, e decisiva para sua adoção ou não em escala nacional, é a questão do preço: o NAT disponível é importado e custa US$ 25 (R$ 50) por doação, enquanto o Elisa custa entre R$ 2 e R$ 3 cada. Desde 2008, no entanto, Santa Catarina já usava o NAT para análise do sangue, pois integrava um piloto do ministério para avaliar a qualidade do NAT brasileiro, desenvolvido na Fiocruz.

 

No caso de Luciane, o doador do sangue era fidelizado. “Na época deste caso, as amostras do sangue do doador foram reanalisadas em Santa Catarina e enviadas para um novo exame no Hospital Albert Einstein. Todas deram negativo para HIV, o que demonstra que nenhum exame disponível hoje no mercado seria capaz de identificar a presença do vírus”, diz Genovez. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.