Numa sabatina meramente protocolar e com uma série de gafes – algumas de mau gosto – a ministra Ellen Gracie, única integrante feminina do Supremo Tribunal Federal (STF), foi aprovada ontem por unanimidade pelos senadores da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para ocupar o cargo de presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão encarregado de exercer o controle externo do Judiciário.
Na próxima semana, ela também deverá assumir a presidência do STF em substituição a Nelson Jobim que se aposentará e poderá disputar algum cargo eletivo.
A sabatina teve poucos momentos de emoção. Ellen teve de ouvir comentários de senadores sobre o clima de tensão existente entre o Judiciário e o Legislativo. Um dos motivos dessa tensão ocorreu recentemente, com a decisão do STF de suspender o depoimento do caseiro Francenildo Santos Costa à CPI dos Bingos.
Ao invés de ter de responder a perguntas sobre o funcionamento do CNJ, a ministra foi homenageada por seus conhecimentos jurídicos, pela beleza e pelo charme. A CCJ é composta majoritariamente por homens. Houve quem considerasse os comentários machistas.
O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) disse que, ao votar, levava em conta a beleza e o charme de Ellen Gracie. "Ouvi falar muito da sua competência, do seu conhecimento jurídico e sua intelectualidade. Mas o meu voto ainda leva em conta a beleza e o charme. Assim voto com muito prazer", afirmou
Médico especializado em ginecologia e obstetrícia, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) afirmou que por causa da profissão conhece profundamente as mulheres. "Como ginecologista aprendi a lidar de perto com as mulheres, a entender muito profundamente a sensibilidade feminina", disse.
