O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) não pretende repetir o número de invasões promovidas no chamado ?abril vermelho?, afirmou ontem João Paulo Rodrigues, um dos coordenadores do MST, no lançamento do Plano Safra 2004/2005 para a agricultura familiar no Palácio do Planalto. Em abril, o movimento fez uma série de invasões para pressionar o governo a apressar a realização da reforma agrária. No entanto, João Paulo ressaltou que novas invasões não estão descartadas.
?O nosso movimento não dará trégua ao latifúndio. O nosso movimento tomou como decisão política que não vamos fazer neste ano ocupação de prédios públicos, por entender que, neste momento, não é importante para a reforma agrária. Trégua ao latifúndio não existe. O que não está previsto é que aconteça um novo mês caracterizado como foi o mês de abril?, afirmou João Paulo.
Indagado se o mês de outubro, período em que serão realizadas as eleições municipais, poderia ser ?vermelho?, João Paulo Rodrigues explicou que, se o mês vai ser vermelho, não será por causa do movimento. ?Nós entendemos que outubro será vermelho, não por parte do MST, mas por parte das bandeiras do PT, da CUT e de outras organizações que vão para as ruas para eleger o máximo de prefeitos e vereadores?, disse.
O MST também se pronunciou pela primeira vez sobre a decisão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) da Terra de quebrar os sigilos bancário e fiscal de entidades vinculadas ao MST (Anca e Concrab). A Secretaria Nacional do MST, em nota divulgada no seu boletim quinzenal, acusa deputados e senadores da CPI de serem defensores dos interesses dos latifúndios e de quererem transformar a comissão em uma arma contra os que lutam pela reforma agrária.
?Eles partem de uma falsa acusação, de que o MST estaria usando recursos públicos para organizar ocupações. Eles não entendem nada de povo, de pobres e de seus movimentos sociais. Os pobres, os trabalhadores, se mobilizam por necessidade?, diz o MST na nota, na qual cita os deputados Abelardo Lupion (PFL-PR), Ronaldo Caiado (PFL-GO) e o presidente da CPI da Terra, Álvaro Dias (PSDB-PR), como defensores do latifúndio.