Com 2 anos e 5 meses, Pedro Lucas Dias ainda está aprendendo a falar e conhece poucas palavras. Desde anteontem, quando recebeu alta do hospital em Janaúba, ele não para de repetir: “Escola não, mamãe, lá tem fogo. Não fui eu, não”.
Quem conta é a mãe, Amanda Carolina Dias, que tem 16 anos de estava no colégio na hora do incêndio na creche. “Minhas colegas falaram que a creche tinha pegado fogo, e eu pensei era na cozinha. Fiquei com medo.”
Ao chegar no local, Amanda não encontrou o filho, que já havia sido socorrido. A cena, descreve, era de tragédia: muita correria, crianças e adultos machucados, policiais bloqueando a passagem e equipes de resgate transportando as vítimas.
“Alguém conseguiu tirar meu filho de lá de dentro, graças a Deus”, diz a estudante. Segundo a mãe, o menino viu uma das colegas com os braços em chamas e, desde então, não consegue esquecer a cena. “Ele fica falando que não quer ir para a escola porque lá tem fogo.”
Com quadro estável, Pedro Lucas não foi transferido para hospitais com mais estrutura e permaneceu internado na cidade. “Já rezei muito agradecendo. Se o fogo se espalha mais rápido, não sei o que ia ser…”
No berçário
No dia da tragédia, Ingrid Ribeiro completou 1 ano e 4 meses. Ela estava no berçário, que não foi atingido pelo fogo, mas inalou fumaça e acabou internada. “Uma criancinha dessa, que nem fala nem anda… Ela viveu de novo”, afirma o pai, o atendente Wilson Ribeiro, de 27 anos. “Eu imaginei um fogo simples, mas quando vi o tamanho do estrago… O maior susto foi não ter encontrado ela quando cheguei na creche. Pensei que tinha falecido”, diz Ribeiro, que trabalhava no supermercado ao receber a notícia.
O desespero só passou quando a família conseguiu localizar a menina no Hospital Regional de Janaúba. “Foi um alívio quando o médico falou que ela não tinha queimadura.” Filha única, Ingrid agora não desgruda do pai. “Eu já era apegado. Agora, depois desse susto, cê (sic) tá doido.”
Apesar do luto pela tragédia, a dona de casa Elizete Fernandes Vasconcelos, de 41 anos, estava aliviada. Mãe dos gêmeos Raíssa e Raí, de 4 anos, ela mudou os filhos de creche no início deste ano. “Eram da sala dos menininhos que morreram. Só tenho rezado, agradecendo muito por ter trocado de escola.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.