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‘Ele não poderia nunca estar dirigindo’, diz vítima de atropelador

Pintor desempregado, Valdinei de Lima Nascimento, de 33 anos, tomava uma cerveja num quiosque da praia de Copacabana, na noite de quinta-feira, 18, quando foi atropelado no calçadão. Ele tinha acabado de cumprir a função que tem como bico: ajudar um barraqueiro com barracas e cadeiras usadas pelos banhistas.

“Quebrei a clavícula, não consigo andar, levei pontos no rosto. Mas acho que nasci de novo, podia ter morrido, como o bebezinho”, disse, nesta sexta-feira, 19, enquanto esperava a mãe para buscá-lo no Hospital Miguel Couto, no Leblon.

Nove vítimas do atropelador, Antonio Anaquim, ainda estão internadas. Entre elas estão um bebê de 2 anos e crianças de 7 e 10 anos. O carro atingiu 17 pessoas, matando um bebê de 8 meses. A mãe da menina foi com o marido reconhecer o corpo da filha no Instituto Médico Legal nesta manhã de sexta-feira, 19. Abalada, não conseguiu sequer sair do carro em que foi levada. “Tiraram meu bebê de mim”, chorava.

Entre os feridos, o caso mais grave é de um turista de 68 anos, da Austrália, que respira com ajuda de aparelhos. As demais vítimas tiveram fraturas nas pernas, traumas na face e escoriações.

Anaquim disse ter tido uma ataque epiléptico ao volante. Uma mulher que o acompanhava confirmou que ele teve um ataque no veículo e desmaiou. O motorista deverá responder por homicídio culposo, segundo a Polícia.

O calçadão estava lotado, por ser período de férias e fazer muito calor. “Foi muito rápido, não deu para entender. Estava sentado tomando cerveja e, de repente, no chão. Mas vou superar. Pior foi para as crianças e bebês. Foi muito pânico”, contou Nascimento.

“Ele nunca poderia estar dirigindo se tem epilepsia. É uma irresponsabilidade, ninguém tem nada com isso”, criticou o pintor. Ele está com um dos joelhos muito inchado, pela pancada. Ele está desempregado há um ano e agora se preocupa com os documentos e os pertences que deixou para trás no calçadão com o atropelamento. “Ficou tudo lá. Perdi os documentos, mas fiquei com a vida”.

A reportagem não conseguiu entrevistar a defesa de Anaquim. O espaço está aberto para manifestação.

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