A bebê Maria Louize Araújo de Azevedo, de 8 meses, que morreu atropelada por um carro que invadiu o calçadão de Copacabana (zona sul do Rio) na noite de quinta-feira, 18, foi enterrada às 16h15 deste sábado, 20, no Cemitério São João Batista, em Botafogo (também na zona sul), sob forte comoção. Além de lamentar a morte, familiares e amigos do casal cobraram das autoridades.

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“Eu quero justiça, porque ele, Antônio Anaquim, que atropelou as pessoas que passavam pelo calçadão tirou minha filha de mim. Minha filha está lá na cova, e ele está onde? Está solto! Eu quero que ele pague, porque minha filha não volta mais. A minha dor vai ser eterna. Como é que eu vou voltar para minha casa? Tudo lá tem o jeitinho dela. Eu estou destruída. Ele não matou só ela, ele matou a mim também. Vou buscar o motorista onde ele estiver. Quero justiça em nome da minha filha”, afirmou, chorando, a mãe da bebê, Niedja da Silva Araújo, de 23 anos.

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Durante o curto trajeto entre a capela 3 do cemitério, onde desde a manhã ocorreu o velório, e o local do sepultamento, amigos e familiares gritaram em coro “justiça”. “É inexplicável como um motorista pode dirigir com a carteira suspensa”, criticou o pai da bebê, o motorista de transporte escolar e Uber Darlan Rocha de Azevedo, de 27 anos.

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Anaquim, de 41 anos, sofre de epilepsia e alegou ter tido uma crise que causou o acidente. Dirigindo um carro Hyundai HB20, invadiu a ciclovia e o calçadão e só parou sobre a areia, na Avenida Atlântica, na altura da Rua Figueiredo de Magalhães. Dezoito pessoas foram atingidas pelo veículo (oito continuam internadas). Maria Louize foi a única que morreu.

Anaquim estava com a carteira suspensa e não poderia dirigir. Ele é acusado de mentir quando, ao renovar a carteira de habilitação, não informou ao Departamento de Trânsito do Estado do Rio (Detran-RJ) que usava remédios para epilepsia.

O advogado Carlos Alberto do Nascimento, oferecido à família pela igreja Assembleia de Deus, da qual os pais de Maria Louize são seguidores, pretende ingressar com ação contra Anaquim na próxima segunda-feira. Ele pedirá que o motorista pague ao menos o tratamento médico da mãe do bebê, que também se feriu – ela foi ao enterro da filha em uma cadeira de rodas, por causa de ferimentos na perna. Depois, o advogado pretende pedir que o atropelador indenize a família da bebê.

Nascimento afirma que o motorista deve responder por homicídio doloso (intencional), e não culposo (sem intenção), como classificou a Polícia Civil. Na visão do advogado, Anaquim assumiu o risco de causar acidentes ao mentir para o Detran-RJ e dirigir com a carteira suspensa.

“Vamos acompanhar o inquérito, porque não acho que seja correto que ele seja indiciado por homicídio culposo. Ele deveria ao menos responder pelo dolo eventual, já que mentiu para o Detran quando disse que não tinha doença nenhuma, forneceu informações falsas em um documento público e assumiu o risco, ao dirigir com a carteira suspensa”, afirmou. A reportagem não localizou a defesa de Anaquim.