O fim do ano nos reserva dois grandes eventos celestes, a começar por esta segunda-feira (14), dia de eclipse solar visível do Brasil, e culminando no dia 21, com um encontro raro entre Júpiter e Saturno que fará com que pareçam ser praticamente um só astro – algo que não se vê no céu há uns 800 anos.

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Começando pelo eclipse solar, que acontece quando a Lua desfila à frente do Sol, do ponto de vista aqui da Terra. O satélite natural encobre o disco solar totalmente apenas numa faixa estreita que cruzará Chile e Argentina. Mas, no Brasil, veremos a Lua dar uma “dentada” no Sol.

O tamanho da “mordida” depende da região em que você está. Quanto mais para baixo no mapa, melhor. Para quem está mais ao norte, a Lua nem chega a passar à frente do Sol. Na cidade de São Paulo, o evento vai das 12h45 às 15h16, com o máximo às 14h04. Nessa hora, cerca de 31% do disco solar estará encoberto pela Lua. Em Porto Alegre, o auge chega mais cedo, às 13h50, e mais da metade do Sol (54%) será encoberto.

Observar um eclipse solar exige cuidados, pois não se pode olhar diretamente para o Sol – isso pode ferir seus olhos. Um método mais simples para ver é fazer um furinho em uma cartolina ou pedaço de papelão e, com isso, projetar uma imagem do Sol em uma parede.

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Alternativamente, você pode usar um vidro de soldador (Nº 14), capaz de filtrar a radiação solar nociva, para fazer a observação sem se preocupar. Não improvise com óculos escuros ou materiais que não saiba serem seguros.

Passado o eclipse, nosso olhar se volta para o céu noturno, conforme Júpiter e Saturno vão se aproximando, dia após dia, até parecerem ser praticamente um só, separados por apenas um décimo de grau, na noite do dia 21.

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Conforme Terra, Júpiter e Saturno giram no carrossel do Sol, vez por outra ocorre um alinhamento que coloca os dois planetas aparentemente próximos em nosso céu. Isso acontece como reloginho a cada 19,6 anos. Mas nem todas as conjunções são tão espetaculares.

A última que teve tamanha aproximação foi em 1623, mas na ocasião o evento acabou alinhado com a própria posição do Sol, impedindo sua observação. Um encontro dessa magnitude, visível no céu noturno, ocorreu pela última vez em 1226! A próxima do mesmo naipe não vai demorar tanto assim, mas não prenda a respiração: 2080.

Com tudo isso, tem gente chamando esta grande conjunção de “estrela de natal”. Não chega a ser um absurdo, uma vez que alguns astrônomos acreditam que o mito da “estrela de Belém” pode ter sido inspirado por uma conjunção desse tipo, talvez uma entre Vênus e Júpiter (os dois planetas mais brilhantes no céu), ocorrida nos anos 3 ou 2 a.C.

Para encontrar os dois planetas, procure-os ao longo dos próximos dias na direção sudoeste, cerca de uma hora após o anoitecer, culminando com a grande conjunção do dia 21. E, seja qual for o simbolismo que você queira dar ao evento (humanos têm essa mania), será uma bela vista para encerrar este ano tão difícil, com a esperança de que coisas mais belas virão em 2021.