E o PT nunca mais será o mesmo

São Paulo – O PT nunca mais será o mesmo. Atingido em cheio pelas acusações de corrupção, mesmo que consiga provar inocência, o partido vai demorar para se reerguer, admitem os candidatos que concorrem ao Processo de Eleição Direta (PED). Mesmo se renovar sua direção, hoje do Campo Majoritário, será um longo processo de reconstrução interna.

?Não existe uma solução mágica. Depois de tudo isso, para nos recompor realmente, será necessário um longo processo?, afirma o terceiro vice-presidente do PT, Valter Pomar, que concorre à sucessão de José Genoino pela corrente Articulação de Esquerda.

O terremoto que atinge o PT internamente não é causado por suspeitas de que membros da direção nacional teriam feito negociatas. Pelo menos nenhuma corrente política admite as suspeitas de corrupção. Segundo vários dirigentes, o problema foi que ficou evidenciado um erro grave de tática, principalmente na política de alianças traçada pelo Campo Majoritário de Genoino e de José Dirceu. Hoje o próprio Campo, que sempre foi coeso, está dividido.

?As críticas seguem no seguinte sentido: os dirigentes não teriam se corrompido, mas errado nas táticas de alianças políticas e também na defesa de uma política econômica ortodoxa como a do ministro Antônio Palocci (Fazenda), que também é do Campo Majoritário?, explica um dirigente petista. Para as correntes de esquerda, como a de Pomar, o PT precisa retomar a ofensiva rapidamente e também o seu projeto original de governo. ?Para isso é preciso mudar a direção do partido?, avalia Pomar.

Petista histórico e independente, o advogado Plínio de Arruda Sampaio, candidato apoiado pela Ação Popular Socialista (APS), é mais radical: ?Proponho uma medida extrema: o PT deve chamar um encontro nacional extraordinário para decidir se a atual direção deve ou não ser mantida. Não creio que as bases do PT ainda queiram a atual direção?.

A proposta de Plínio, que é ligado aos movimentos populares, da Igreja Católica e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), não encontrou apoio em outras correntes, embora tenha respaldo do artigo 107 do estatuto petista. O Campo Majoritário tem cerca de 52% do poder interno e pode repetir a mesma proporção na eleição interna, em setembro.

A deputada Maria do Rosário (RS), candidata à presidência pelo Movimento PT, corrente de centro que já foi aliada do Campo Majoritário, também concorda que o partido levará tempo para se recobrar da surra com as denúncias. ?Não podemos ficar surfando sobre as dificuldades. Temos que mobilizar nossas bases. São 820 mil filiados que sempre andaram de cabeça erguida neste país e agora estão se sentindo traídos?, avalia a deputada. Da esquerda moderada, o candidato Raul Pont, da Democracia Socialista, avalia que a direção do PT precisa ser renovada, como forma de recuperar antigos valores do partido. Já o candidato da corrente majoritária e atual presidente, José Genoino, tem afirmado que a crise não atingiu as estruturas do partido. Para ele, o incêndio será controlado dentro de mais duas semanas. 

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