É cada vez mais provável disputa entre Lula e Ciro, diz analista

O diretor de pesquisa para mercados emergentes do banco UBS Warburg, Michael Gavin, acredita que é cada vez maior a probabilidade de uma eventual disputa entre Lula (PT) e Ciro Gomes (PPS) no segundo turno das eleições presidenciais. ?Está mais evidente que (será eleito) Lula ou Ciro Gomes e, na minha opinião, Ciro Gomes deverá ser o próximo presidente do Brasil?, afirmou Gavin, após participar do seminário ?Brasil: Eleições e Nervosismo Econômico?, promovido pelo Council of the Americas . ?Não dá para ter um grau maior de confiança de que José Serra (PSDB) poderá ressuscitar sua campanha e se tornar presidente no próximo ano?, disse o analista do UBS Warburg.   

Durante o seminário foi divulgado os resultados da mais nova pesquisa Vox Populi, que mostrou o crescimento de Ciro Gomes para 27%, enquanto as intenções de voto de Serra cairam para 14%, com Lula permanecendo com 35%. ?O problema é que Ciro ainda tem que se definir como candidato em termos de políticas econômicas. Meus clientes no Brasil se mostram preocupados com suas declarações não muito claras ainda sobre reestruturação da dívida?, acrescentou. Gavin ressaltou que, como candidato do governo, José Serra deverá obter importantes fontes de apoio na sua campanha nos próximos meses. Essa é uma das razões para que o diretor de pesquisa econômica para a América Latina da consultoria IDEAglobal, Ricardo Amorim, mantenha o seu cenário-base de que Serra ganhará as eleições deste ano. ?Apesar de eu estar cada vez menos convicto (da vitória de Serra) em razão das recentes quedas nas pesquisas eleitorais e, principalmente, pela mudança no apoio a Serra por lideranças empresariais e políticas, ainda acho que Serra vencerá?, afirmou Amorim, durante a palestra.    

Ele citou três razões para acreditar na vitória do candidato do PSDB: 1) maior exposição em TV do Serra do que qualquer outro candidato. ?Um fator que sempre decidiu as últimas eleições?, disse. 2) transferência de votos para o Serra daqueles eleitores que consideram o governo FHC ?bom ou ótimo?, o que ainda não aconteceu, segundo Amorim. 3) mais da metade dos eleitores ainda está indecisa ou nem sabe os nomes dos candidatos. ?Tudo isso vai levar Serra pelo menos ao segundo turno?, acrescentou Amorim. Já o diretor do programa par a Hemisfério Ocidental da Universidade Johns Hopkins, professor Riordan Roett, ressaltou para o fato de que nenhum dos três principais candidatos na disputa às eleições brasileiras (Lula, Ciro ou Serra) podem ser considerados de esquerda ou de direita.

?São três candidatos sérios e com grande experiência na política nacional. E qualquer um deles vai governar o Brasil de uma maneira séria no ano que vem, portanto o discurso de que um candidato está mais à esquerda ou mais à direita não faz sentido.  Todos eles são de centro, dentro de um quadro moderado de discurso, como o Brasil se tornou um País moderado em termos de políticas?, afirmou Roett. Para ele, é um exagero o nervosismo observado no mercado financeiro brasileiro em razão do cenário político. ?Espero que os análistas parem de escrever exageros sobre o Brasil?, disse. Outro ponto ressaltado por Roett foi o papel do Congresso no ano que vem. ?O presidente é importante, mas não é o imperador. Os analistas deviam prestar atenção ao papel do Congresso?, afirmou.

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