O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva se reuniria daqui a poucas semanas na capital argentina com o ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-89). O anúncio foi feito pelos porta-vozes do ex-presidente, cujo governo foi o primeiro na volta à democracia argentina, há dezenove anos.
O governo do presidente Eduardo Duhalde convidou Lula para que visite Buenos Aires na segunda quinzena de novembro. Alfonsín, que telefonou a Lula para parabenizá-lo pelo triunfo eleitoral, disse ao presidente eleito que a vitória petista proporcionava “esperança de autonomia e liberdade de todos os cidadãos do continente”.
Segundo o ex-presidente, “o apoio em massa que teve do povo brasileiro não significa somente um triunfo no Brasil, mas também em um compromisso tácito com toda a América Latina”. Lula teria respondido a Alfonsín que conhecia “perfeitamente as expectativas favoráveis que havia despertado nas forças populares da América do Sul”, mas que “na enorme empresa” que o espera precisará do “imprescindível” apoio da Argentina, “o outro gigante” da região e o principal sócio do Mercosul.
Alfonsín é uma das lideranças políticas argentinas que propõem posições “duras” com os Estados Unidos, em contraponto com a política de “relações carnais” defendidas pelo ex-presidente Carlos Menem. Nos anos 80, Alfonsín, junto com o ex-presidente José Sarney, colocou os pilares para a criação do Mercosul, que ocorreria nos anos 90. Embora não seja mais presidente da centenária União Cívica Radical (UCR), Alfonsín ainda comanda seu partido mão de ferro.