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Para muitos vaticanistas,
Dom Cláudio Hummes reúne
todas as qualidades para
ser o novo papa.

Das agências – Dom Cláudio Hummes, 70 anos, não viajará ao Vaticano para acompanhar o funeral do papa. O cardeal está gripado e permanecerá em São Paulo. Dom Cláudio Hummes é apontado como um dos favoritos para representar o Brasil no conclave, e para muitos vaticanistas, reúne todas as qualidades para ser o novo papa.

Essa é também a visão do jornal britânico The Sunday Times, que publicou, ontem, a seguinte reportagem: Cardeal brasileiro radical lidera corrida pela sucessão (Radical Brazilian cardinal leads succession race).

O jornal destaca que Hummes seria o primeiro papa latino-americano. Isso poderia acontecer, segundo a reportagem, ?caso o conclave (reunião de cardeais que vai eleger o novo papa) decida refletir o esforço da Igreja no terceiro mundo?.

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A escolha de Hummes, no entanto, seria arrojada, continua o jornal, que o classificou como ?conservador no que diz respeito à doutrina da Igreja, mas um inconfundível radical em questões sociais?.

Ainda segundo a reportagem, Hummes ?é lembrado como membro de um grupo de cardeais que escolheu enfatizar a justiça social?.

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Paranaense deu a notícia em primeira mão

Cidade do Vaticano – A notícia da morte do papa foi dada com exclusividade pelo brasileiro Silvoney José Protz, cinco minutos antes do anúncio oficial na Praça de São Pedro. Ele recebeu a informação de uma fonte da cúria e em seguida a confirmou com o porta-voz do Vaticano, Navarro-Valls. Leu o comunicado oficial em português antes de qualquer outra emissora do Vaticano.

?Foi a notícia mais importante e difícil da minha vida?, disse Protz, que é paranaense e está na Rádio Vaticano há 15 anos. Pela dimensão da notícia, o locutor acredita que a morte do pontífice ?abalou todos os homens de boa vontade?.

Ao complementar a informação, ele leu comunicado oficial que dava a hora e o local da morte e mais duas linhas de informação biográfica sobre o papa. O ?furo? (jargão para notícia exclusiva) acabou surpreendendo até mesmo o locutor. Ele esperava a morte do papa para qualquer momento, mas nunca contou em ser o primeiro jornalista a noticiá-la, ainda que por meio de um comunicado oficial.

Lula, Severino e Calheiros presentes no funeral

Roma – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou ontem que ele e sua mulher Marisa estarão presentes nos funerais do papa João Paulo II. A data e a hora do enterro serão definidas pelo Colégio dos Cardeais que se reúne hoje no Vaticano. Além do casal presidencial, participarão da cerimônia o presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim.

A comitiva oficial terá, ainda, a participação de dois ministros: o das Relações Exteriores, Celso Amorim, e um outro que ainda será definido pelo presidente. Há quem considere que a disputa estaria entre o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e o chefe do Gabinete Civil, José Dirceu.

Embora o cronograma das exéquias do papa João Paulo II ainda não tenha sido definido, espera-se uma presença maciça de chefes de Estado e de governo de todo o mundo. O presidente dos Estados Unidos, George Bush, está sendo aguardado e o presidente do México, Vicente Fox, já confirmou que participará dos funerais.

O Palácio do Planalto ainda não havia definido se Lula partirá para Roma na quarta ou na quinta-feira desta semana. Ainda de acordo com assessores, de lá o presidente pretende seguir diretamente para o continente africano, onde já tinha programada uma visita de quatro dias. Nos dias 10 e 11, estará em Iaundé, em Camarões. Em seguida, ele segue para Abuja na Nigéria; Acra, em Gana; Bissau, na Guiné-Bissau; e Dacar, no Senegal.

Ontem, Lula enviou uma mensagem de pêsames em nome do povo brasileiro e em seu próprio ao decano do Colégio de Cardeais, Joseph Ratzinger, em resposta a um comunicado do Vaticano sobre a morte de João Paulo II. ?O papa João Paulo II será sempre lembrado pela posição corajosa em favor da paz e do direito e pelo grande empenho em eliminar a marginalização social e econômica de indivíduos e nações?, diz a carta de Lula. ?Seu legado reforça a esperança em um mundo de justiça e liberdade.? O presidente diz que ficou ?profundamente consternado? com a notícia.

Esquema de guerra vai garantir a segurança

Cidade do Vaticano – A cidade de Roma e o Vaticano se prepararam para um verdadeiro esquema de guerra para garantir a segurança dos mais de 2 milhões de pessoas e dos quase 200 chefes de Estado e ministros que desembarcarão na Itália para acompanhar o enterro do pontífice nos próximos dias. Desde o atentado contra o papa, em 1981, o Vaticano está ciente dos riscos que tal evento pode representar. A ida do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para o enterro, incrementa ainda mais as preocupações dos italianos em relação à segurança, e o espaço aéreo de Roma será fechado durante o evento.

Segundo as autoridades italianas, 10 mil soldados e policiais deverão ser colocados nas ruas. Desde quinta-feira, quando a saúde do papa se deteriorou de forma substancial, as forças de segurança foram incrementadas e várias ruas que levam ao Vaticano foram fechadas.

Detectores de metais também foram reinstalados em volta à Praça de São Pedro e deverão ser ativados a partir de hoje.

O número de ?carabinieris? espalhados pela cidade foi incrementado de forma substancial desde ontem, embora as autoridades não queiram informar qual seria o número exato. ?Temos de garantir a segurança dos fiéis e ainda permitir que os turistas possam passear pela cidade sem problemas. Vai ser um grande desafio?, afirmou um policial. Nos principais locais turísticos de Roma, os preparativos ainda não atrapalharam a vida dos estrangeiros que estavam na capital italiana e um dos locais mais visitados na Europa.

Para conseguir receber os quase 200 chefes de Estado e ministros, o governo italiano ainda conta com a colaboração das demais autoridades estrangeiras. ?Alguns dos principais presidentes que estarão em Roma virão também com seus próprios agentes de segurança, o que nos facilitará o trabalho. É como se organizássemos uma cúpula de chefes de Estado em apenas três dias?, afirmou outro policial, que lembra que a morte do papa João Paulo I, em 1978, trouxe para Roma 750 mil pessoas.

Uma das principais preocupações é a presença do presidente Bush, que ainda pode gerar protestos por parte da população que se declara contra suas políticas para o Oriente Médio. Bush, caso concretize sua viagem, será o primeiro presidente americano a estar em um enterro de um papa.

Além dos dez mil policiais, cerca de 600 pessoas já estão posicionadas nas ruas próximas ao Vaticano para prestar ajuda médica aos fiéis. Dois estádios de futebol ainda serão utilizados como locais para alojar os fiéis e garrafas de água já começaram a ser distribuídas hoje a quem chegava à Praça de São Pedro.