Doleiro abre esquema do PT e corretora

  Wilson Dias / ABr
Wilson Dias / ABr

Toninho da Barcelona: "Todas as pessoas com quem eu me relacionava sumiram".

Brasília – O doleiro Antônio Oliveira Claramunt, conhecido como Toninho da Barcelona, detalhou, ontem, em depoimento a parlamentares das CPIs dos Bingos, dos Correios e do Mensalão, um suposto esquema de repasse de dólares para a corretora Bônus-Banval, suspeita de operar os recursos de caixa dois para o PT.

O doleiro também afirmou que enviou altas quantias de dólares ao gabinete do deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) em diversas ocasiões. Segundo ele, o dinheiro era depositado numa conta do PT, algumas vezes sem a devida identificação. Os depósitos teriam sido feitos em 2002, quando Devanir era vereador. O petista, presente na sessão das CPIs, negou ter conhecimento de qualquer operação com o doleiro e rebateu acusações de que seu filho negociava com o funcionário de Toninho da Barcelona. O doleiro desmentiu o petista e revelou que tinha registros de operações em valores altos.

Toninho da Barcelona confirmou também que Dario Messer era o principal doleiro que operava para o PT, por meio da corretora Bônus-Banval. Barcelona já tinha citado o nome de Messer em agosto em depoimento informal a parlamentares da CPI dos Correios, que já aprovou a convocação para ouvi-lo. A CPI também vai ouvir Marcelo Viana, funcionário de Barcelona que trocaria dólares para petistas. "Todo o dinheiro que era encaminhado à Bônus-Banval se destinava a partidários do PT. Não única e exclusivamente a Delúbio Soares. Ele não pegou aquele dinheiro todo e pôs nos bolsos", disse.

Barcelona contou que do dia 9 de setembro a 10 de outubro comprou um total de US$ 2,5 milhões para a Bônus-Banval. E, segundo ele, havia uma "triangulação" no esquema. "O Banco Rural vendia dólares a Messer, que vendia no mercado e angariava reais. A Bônus-Banval só recebia os reais e administrava", explicou. E acrescentou: "No mês de março e abril, a Bônus-Baval possuiu uma licença do Banco Central para operar em câmbio. Me convidou para que fosse lá para que montássemos uma mesa de operação visando fazer uma concorrência ao Messer. Porque eles ficavam só com a administração e a comissão era pouca".

Sobre o destino do dinheiro, Barcelona disse desconhecer: "Eu tentei (descobrir), excelência. Com a mais profunda sinceridade, eu tentei. Mas depois das matérias de delação premiada, eu virei um câncer. Todas as pessoas com quem eu me relacionava sumiram…", disse ele.

Ministro

Toninho da Barcelona negou que tenha feito acusações ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de enviar dinheiro ao exterior. Segundo ele, isso foi interpretado de forma errada e nasceu de ‘informações truncadas’ após o depoimento que prestou a um grupo de parlamentares da CPI dos Correios em São Paulo no mês passado. "Eu não fiz uma acusação direta ao ministro Márcio Thomaz Bastos", disse.

O doleiro explicou que, quando desembarcou para o depoimento em São Paulo, uma pergunta dos repórteres lhe chamou a atenção: foi sobre se havia sido ele quem enviara dólares ao exterior do ministro da Justiça. Toninho da Barcelona informou que conhece um outro doleiro que lhe disse ter feito serviços para Thomaz Bastos.

"Eu conheço um doleiro de nome Marco Antônio Cursini, que é muito meu amigo, que me confidenciou que sim, que tinha atendido o escritório dele (do ministro), mas não me disse se teria sido ou não operações de câmbio. Mas que tinha certa proximidade (com Bastos) e isso lhe trazia bastante satisfação", contou Toninho da Barcelona na reunião das três CPIs.

O doleiro acrescentou: "Eu disse que, se tem que procurar alguma coisa, que se procure com o senhor Marco Antônio Cursini". Toninho da Barcelona citou também o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a quem, segundo parlamentares contaram após seu depoimento em São Paulo, teria acusado de fazer remessas ao exterior. O doleiro falou de uma suposta remessa de 59 mil dólares, mas evitou usar um tom de acusação contra Meirelles. 

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