O diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot, atribuiu às empreiteiras a culpa pela maior parte dos atrasos nas obras de rodovias que estão sendo tocadas pelo governo federal. “Nosso problema é execução, que tem que melhorar muito. Agora vou botar o dedo na ferida. A grande maioria das empreiteiras não está tendo ‘resolutividade'”, disse Pagot, em café da manhã com a imprensa, para fazer um balanço das atividades do DNIT em 2008 e perspectivas para este ano.
Pagot evitou citar nomes e tampouco revelou a quantidade de obras com problemas, por conta das construtoras. Mas deixou claro que a crise financeira internacional não pode ser evocada como pretexto para essa demora. “Não há crise no setor de construção civil”, disse, ressaltando que essas empresas que estão atrasadas possuem contrato, ordem se serviço, tem dinheiro e mesmo assim não estão trabalhando. “Ou executa ou sai fora”, alertou Pagot.
Ele disse que no último dia 27 se reuniu com as empreiteiras cobrando celeridade nas obras. Pagot informou que o DNIT vai acompanhar com rigor essas obras, até maio, e a partir daí poderá romper unilateralmente os contratos que não estiverem de acordo. Ao listar os problemas das empresas, Pagot apontou a falta de capacidade gerencial e disse que muitas delas assumiram mais obras do que podem executar.
O presidente do DNIT não poupou, também, o próprio órgão. Ele reconheceu que até 2008 boa parte dos atrasos era causada por causa do DNIT, principalmente na área de aprovação de projetos. “Mas eu já troquei a equipe de projetos e o novo grupo aprovou mais obras em quatro meses do que o pessoal anterior, em quatro anos.
Pagot também criticou a lentidão na área ambiental para a aprovação de projetos. “Eu até entendo os cuidados para a aprovação de uma nova rodovia, mas não para obras de reconstrução ou manutenção”, afirmou. Segundo ele, o DNIT tem atualmente 3 mil quilômetros de obras rodoviárias na Amazônia aguardando licenciamento do Ibama. Sem citar números, ele disse que esse atraso de empreiteiras pode comprometer algumas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em 2007 o orçamento do DNIT era de R$ 9 bilhões e o órgão executou R$ 6 bilhões. No ano passado, com o orçamento de R$ 13 bilhões foram executados, também, R$ 6 bilhões. Para este ano, o orçamento do órgão é de R$ 8,6 bilhões, além de R$ 9 bilhões de restos a pagar.