A denúncia que desbaratou o cartel de compressores para refrigeração supostamente montado por seis multinacionais teria sido feita pelo presidente mundial da norte-americana Tecumseh, Edwin Buker. A delação foi feita ao mesmo tempo nos Estados Unidos, onde fica a sede da empresa, e em São Carlos (SP), onde estão as fábricas da subsidiária brasileira da companhia.
O que teria levado Buker a tomar essa atitude foi uma disputa de poder entre a atual e a antiga gestão. No cargo desde agosto de 2007, o executivo tenta evitar que a família Harrick, fundadora da Tecumseh, volte ao comando da companhia. A briga foi parar na Justiça dos Estados Unidos. Os Harrick moveram ações contra a Tecumseh e três dos seus diretores, incluindo Buker.
A última decisão, de dezembro do ano passado, era favorável à família. Em janeiro, a Tecumseh apelou à corte de Michigan para reverter a sentença. Até aqui, Buker continua à frente do negócio, que emprega 10,3 mil funcionários, fatura mais de US$ 1 bilhão e vende para 120 países. Ao delatar o esquema, que teria ocorrido na antiga administração, Buker criaria um embaraço para a família. Além disso, a empresa ficaria isenta ou teria suas punições reduzidas.
Procurado, o presidente atual da Tecumseh do Brasil, Dagoberto Darezzo, não confirma nem desmente as informações. “Acho pouco provável que seja em função dessa disputa. Pode ser uma questão de princípios. De repente foi alguém que resolveu cumprir os códigos de ética de sua empresa”, disse. “A Tecumseh foi notificada e está colaborando globalmente com as investigações. Se partiu do Ed, eu não sei. Sei que partiu de alguma empresa.”
Darezzo assumiu a presidência no ano passado. Segundo ele, seu antecessor, Gerson Veríssimo, se aposentou. A casa do ex-executivo foi revistada, mas a sede da companhia no Brasil, não, o que reforça as evidências de que a delação partiu da Tecumseh. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.