O número de mortes por causas externas sem razão determinada – cujo motivo pode ter sido suicídio, assassinato ou acidente – disparou nos últimos anos no Estado do Rio de Janeiro. O movimento é inverso à redução no total de homicídios – que virou propaganda da gestão do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) – e fez o Ministério da Saúde pedir ao Estado que reveja suas estatísticas.

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Segundo o Datasus, banco de dados do ministério, o Estado teve 1.676 mortes violentas sem causa especificada em 2006 – último ano do governo Rosinha Garotinho. Em 2007, primeiro da gestão de Cabral, elas subiram 90,4% (para 3.191). Em 2008, o indicador passou a 3.261 (alta de 2,19%). Em 2009, esse tipo de registro cresceu 73%, para 5.647 casos. Os dados daquele ano ainda são provisórios – os números oficiais só serão fechados no fim de junho. Mas, se as informações se confirmarem, o número de mortes não explicadas vai superar o total de homicídios (4.198).

Um dado que se destaca no Rio é o crescimento de algumas categorias de mortes sem causa determinada. O economista Daniel Cerqueira, doutor pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ) com tese sobre violência no Brasil, verificou aumento atípico em pelo menos dois tipos: as provocadas por armas de fogo e os envenenamentos. Entre 2006 e 2007, o primeiro tipo cresceu 197% (de 148 para 440); o segundo aumentou 82,24% (de 1.425 para 2.597).

Cerqueira também calculou taxas por 100 mil habitantes de mortes indeterminadas nas duas categorias, de 1996 a 2008. No Rio, a taxa de mortos a tiro de um ano para o outro mais que dobrou no triênio com dados disponíveis: de 0,951 em 2006 para 2,796 em 2007 e 2,90 em 2008. Muito acima da média do Brasil (0,437, 0,456 e 0,601). Nos envenenamentos, a história se repete: o Rio registrou 9,157, 16,501 e 16,078 casos por 100 mil habitantes em 2006, 2007 e 2008. O País teve 2,581, 2,729 e 2,843 casos.

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Defesa

A Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro reconheceu estar revisando os dados de 2009 e 2010 e admitiu que seu próximo passo será ir até 2006, 2007 e 2008. Em nota, a subsecretária de Vigilância em Saúde, Hellen Miyamoto, informou que a secretaria assinou, há dois meses, convênio com o Instituto de Segurança Pública, “justamente para esclarecer a causa dessas mortes”.

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O Ministério da Saúde informou, por nota, que aparentemente o problema se concentra na Secretaria Municipal de Saúde do Rio, que não teria atualizado informações. A secretaria municipal reconheceu que há atraso no processo de revisão das mortes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.