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Discutir inclusão educacional será desafio a candidatos, dizem especialistas

Discutir e propor estratégias de inclusão educacional para pessoas com deficiência auditiva será o principal desafio dos candidatos do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) 2017 na Redação. Considerado difícil e muito específico por professores de cursinho, o tema proposto foi “Os desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. “Os alunos terão o desafio de desenvolver o tema levando em consideração os problemas ligados à falta de inclusão presentes na sociedade brasileira, focando principalmente os seus impactos sociais”, diz o professor de Redação do Análise Vestibular, Neldo Menezes.

O professor de Português André Valente, do Cursinho da Poli, diz que a escolha dos organizadores segue uma tendência de discutir temas relacionados a minorias. “É um tema que veio mostrar que não dá pra tratar direitos humanos como algo ideológico no sentido partidário da palavra”, diz Valente. “O Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, órgão organizador do exame) mostra, mais uma vez, que o jovem que presta o vestibular precisa discutir esses temas.”

A professora Maria Aparecida Custódio, do Laboratório de Redação do Objetivo, aprovou a escolha do tema. “É um assunto que passa um recado ao jovem em relação às necessidades especiais. Ele vai pensar que não tem só o surdo, tem o cadeirante, o cego, o autista e em como essas pessoas estão sendo vistas pela sociedade.”

Além dos textos motivadores que acompanham a proposta e precisam ser usados na construção do texto, Maria Aparecida acredita que os candidatos devem apontar medidas de inclusão. “Pode contar pontos sugerir uma iniciativa de cotas e a ampliação do sistema de libras nas universidades. O aluno também pode reforçar a necessidade de o poder público atuar mais efetivamente e da sociedade em cobrar mudanças.”

O professor Neldo Menezes, por sua vez, diz que as propostas devem focar em soluções em nível governamental. “A falta de inclusão na escola básica é um dos maiores fatores para a exclusão dos surdos. Por isso, propostas para a formação específica de profissionais serão as mais plausíveis neste ano.”

Outras medidas que podem resultar em boas notas na correção são aquelas voltadas à discussão da ampliação do ensino de Libras. “Uma proposta interessante seria que as Libras fizessem parte da formação escolar básica, como uma disciplina do currículo básico”, explica o professor André Valente. “Assim, antes da formação de professores, você teria uma pessoa que entende o quanto ela é necessária desde a escola.”

“O candidato deve entender o surdo como uma pessoa que tem seus direitos a serem garantidos, com a diferença de ter uma necessidade especial, que deve ser respeitada”, diz Valente. “As propostas devem ter essa visão humanitária. Quem não seguir acabará escrevendo uma visão simplista.”

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