Brasília – A indefinição sobre as formas de financiamento dos sindicatos tem estimulado a cooperação entre as centrais sindicais. Nesta quarta-feira (21), representantes de algumas dessas organizações estiveram reunidos, em Brasília, com o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, para discutir o futuro do sindicalismo brasileiro.
Apesar de nenhuma medida concreta ter sido acordada, as entidades demonstraram confiança para viabilizar as ações sindicais e se posicionaram a respeito do possível fim da contribuição sindical obrigatória.
?Avaliamos positivamente mais essa reunião entre as centrais sindicais. Conseguimos avançar e reafirmar importantes premissas para a estrutura sindical. Saímos desse encontro com muita esperança. O ministro mostra disposição em avançar nesse assunto [financiamento sindical]?, analisou a secretária de Política Sindical da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosane Silva.
O secretário-geral da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Moacyr Auersvald, compartilha da opinião e garantiu estar aliado à CUT e às demais centrais sindicais na tentativa de garantir ?por meio de regras claras? as verbas necessárias para o funcionamento dos sindicatos. ?Precisamos estabelecer o nosso norte. Em muitos pontos pensamos diferente, mas nesta questão as centrais estão juntas. A avaliação desse encontro é muito positiva?, afirmou.
Um ponto de divergência entre as centrais sindicais está relacionado à contribuição facultativa para essas organizações. Instituições como a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a exemplo do ministro Carlos Lupi, são contrárias ao fim da obrigatoriedade do imposto sindical.
?É fundamental que exista uma forma de financiamento transparente. Muitas vezes se fala de forma demagógica para deixar a decisão para os trabalhadores. Nós sabemos que, se deixar o povo escolher se paga ou não, ninguém vai querer pagar?, alegou o presidente da UGT, Ricardo Patah.
A CUT defende a contribuição opcional. ?Historicamente lutamos contra o imposto sindical. Quem deve decidir sobre o financiamento são os trabalhadores em suas assembléias de base?, argumentou a secretária Rosane Silva.
Ela, entretanto, não vê empecilho para o entendimento entre as centrais sindicais. ?Temos centrais que defendem o imposto sindical, mas, com base nessas negociações, estamos conseguindo construir um acordo para beneficiar todas as entidades?, explicou.
Tramita no Senado um projeto de lei do Executivo para regulamentar as centrais sindicais, que inclui emenda do deputado Augusto Carvalho (PPS-DF) para acabar com a contribuição obrigatória a essas organizações.
A proposta, que teve votação adiada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, não agradou a nenhuma das centrais sindicais. Até mesmo os defensores do imposto opcional, como a CUT, disseram não concordar com o teor da emenda.
"Isso [imposto sindical] precisa ser decidido nas assembléias de base. A emenda dele [Augusto Carvalho] acaba dificultando mais a vida dos trabalhadores porque quem não tiver desconto na folha de pagamento, vai ter que ir até a Caixa Econômica Federal para não ficar com débito com o Estado", analisou Rosane Silva.
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