Brasília (AE) – O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), ameaçou ontem pedir a destituição de toda a diretoria da empresa estatal por obstrução das investigações da comissão de inquérito sobre as supostas irregularidades nos contratos da empresa. Um grupo de quatro parlamentares foi ao encontro do novo presidente da estatal, Jânio Pohren, que assumiu o cargo em junho, para transmitir o ultimato e tentar chegar a um acordo em torno dos requerimentos de informações da CPMI.

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De acordo com o relatório gerencial que chegou às mãos de Delcídio, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBTC) tem se atrasado na prestação de esclarecimentos, omitido informações importantes e apresentado outros dados que induzem a conclusões erradas. ?Se essa situação não mudar, a CPMI pode encarar isso como desobediência e pedir o afastamento de toda a diretoria dos Correios?, declarou o presidente da comissão, ao abrir os trabalhos da CPMI ontem à tarde.

O endurecimento com a cúpula dos Correios foi apoiado por oposicionistas e governistas, como o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP). ?Precisamos dar um ultimato e, caso não dê resultados, pedir ao presidente da República o afastamento do presidente dos Correios.? A suspeita dos parlamentares é de que Jânio Pohren e seus subordinados podem estar acobertando as investigações sobre seus antecessores – João Henrique de Almeida Souza, que dirigiu a estatal entre março de 2004 e junho de 2005 e Airton Dipp, presidente da estatal no primeiro ano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ?Pelo menos 38 contratos dos Correios estão sob suspeição?, lembra o coordenador administrativo da CPMI, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).

Os principais focos da investigação estão sobre quatro tipos de contrato: os de publicidade, os de serviço noturno postal, os de correio híbrido postal (serviço eletrônico) e os de transporte aéreo de carga. Nesse último caso, destaca-se a licitação vencida pela empresa Skymaster Linhas Aéreas numa disputa com a Promedal, que envolveu uma guerra nos bastidores do governo entre lobistas dos dois lados.

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