Rio de Janeiro – A diretora da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, destacou nesta segunda-feira (20) o papel da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para a dinâmica de produção de vacinas no mundo, e elogiou a política brasileira de investir em tecnologia na fabricação de vacinas contra doenças que atingem países em desenvolvimento, como a febre amarela e a meningite.
Segundo ela, a produção global de vacinas é frágil e inadequada e o mundo pode ser surpreendido por epidemias, uma vez que os laboratórios farmacêuticos privados voltam sua produção para o mercado mais caro e lucrativo de medicamentos em países ricos, sem considerar as demandas mundiais da saúde pública.
Chan lembrou que o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fiocruz, já produziu para países africanos 11 milhões de doses de vacinas contra a febre amarela, e poderá fabricar, em breve, outros 22 milhões de vacinas contra a meningite, doença que, segundo a OMS, representa risco de epidemia para 18 países daquele continente.
?Fabricantes como Bio-Manguinhos, operando com recursos públicos, podem mudar a dinâmica do suprimento global de vacinas. Eles têm a melhor posição para responder por necessidades de saúde pública e com preços aceitáveis. Bio-Manguinhos assumiu riscos [de desenvolver pesquisas] com a sustentação do governo brasileiro. Isso significou um investimento enorme na escala de produção, adquirindo equipamentos novos e submetendo-se a pré-qualificação. O Brasil é um modelo para a segurança vacinal, com tecnologia científica a serviço não só da sociedade brasileira, mas de outros países?, afirmou.
Em palestra na Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz, Chan também elogiou a política brasileira de tratamento da Aids, com fornecimento de medicamentos para pessoas com a doença, considerando-a um exemplo que serve de inspiração para outros países em desenvolvimento.
A diretora da OMS reconheceu, ainda, a liderança política mundial do Brasil na área de saúde pública, lembrando a atuação diplomática do país para concluir com sucesso as tensas negociações internacionais da Convenção para Controle do Tabaco. O acordo internacional, firmado no ano passado, estabeleceu medidas de restrição ao consumo de cigarros e outros produtos derivados do tabaco, que, segundo Chan, ?permite hoje a milhões de pessoas no mundo respirar mais livremente?.