Depois de derrubarem a convocação de dois diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), na semana passada, os governistas da CPI do Apagão Aéreo da Câmara terão atitude oposta em relação à diretora da agência Denise Abreu. Os deputados vão aprovar, na quarta-feira, a convocação da diretora. Denise já está convocada para depor na CPI do Senado, na quinta-feira. O mais provável é que preste dois depoimentos no mesmo dia.
A gota d?água para a convocação de Denise à CPI da Câmara foi mais uma suspeita de uso inadequado do cargo de comando na agência reguladora do setor aéreo. Na edição de ontem, o jornal O Estado de S.Paulo publicou reportagem mostrando que Denise orientou as companhias aéreas a reagirem às medidas do Conselho de Aviação Civil (Conac) para desafogar o Aeroporto de Congonhas. A diretora nega que tenha orientado ou estimulado a reação das empresas. Já o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou que examinará o caso.
?O melhor é que ela vá à CPI, onde terá oportunidade de defender suas posições. Acho que ela deveria se colocar à disposição até para defender o trabalho da diretoria da Anac e sua própria atuação?, disse ontem o relator da CPI na Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS). ?O requerimento de convocação de Denise Abreu será aprovado na quarta-feira e vamos agendar para quinta-feira o depoimento. Não se pode ficar sob suspeição dessa maneira. O melhor é que se explique logo?, disse o presidente interino da CPI, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A convocação de Denise no Senado foi motivada pela acusação do brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, de que a diretora tentou favorecer um amigo, Carlos Ernesto Campos, da Tead Terminais Aduaneiros, em uma tentativa para transferir o serviço de transporte de cargas dos Aeroportos de Congonhas e Viracopos, em Campinas, para o de Ribeirão Preto. Agora, com a denúncia de que Denise teria estimulado a reação das empresas, os senadores cobrarão explicações.