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Diretor do DF cai ao ligar mães a estupro em casa

O diretor da Polícia Civil do Distrito Federal, Eric Seba, decidiu exonerar o delegado Miguel Lucena do cargo de diretor de Comunicação da corporação, após ele atribuir às mães a responsabilidade de casos de estupro dentro de casa. Em umas de várias mensagens publicadas pela Coluna do Estadão online, Miguel Lucena diz que “crianças estão pagando muito caro por esse rodízio de padrastos em casa”. A opinião “pessoal” foi emitida em um grupo institucional que tem cerca de 200 jornalistas da imprensa local.

As opiniões do diretor de Comunicação causaram revolta no grupo de WhatsApp. Em questão de segundos o comentário foi rebatido por várias jornalistas. O delegado continuou dizendo que as pessoas são da “turma do politicamente correto, essa praga que assola o mundo”.

Na sequência, diante da polêmica, Lucena ressaltou que não falava em nome da Polícia Civil, apenas emitia opinião “pessoal”. “Não sou machista nem defendo bandido. Só acho que precisamos avançar nas discussões sobre as responsabilidades de todos com os rumos da sociedade”, disse.

“A vítima é a criança. A mãe, às vezes, é corresponsável e cúmplice”, escreveu Lucena. Questionado se realmente pensa que a culpa é da mulher, ele responde: “Depende. Se leva o primeiro que encontra no bar para dentro de casa, é”.

Lucena ainda se defendeu, alegando que os jornalistas que acompanham o grupo estão “acostumados com hipocrisia”. Após a discussão, o delegado deixou o grupo.

À Coluna, Lucena confirmou a conversa no grupo, disse que já escreveu artigos e até um livro sobre o tema: Os desembestados. A obra resume que a sociedade permissiva e supostamente libertária deixou para trás referências e princípios como “o medo, a vergonha e a culpa”, considerados, por ele, os freios para não cometer crimes.

O caso que motivou os comentários de Miguel Lucena é uma investigação da 14.ª DP, que fica no centro do Gama, a 40 quilômetros do Plano Piloto. A mãe de uma criança de 11 anos registrou a ocorrência pela manhã, após a menina ter sido violentada pelo padrasto, de 32 anos. A polícia não sabe o paradeiro do suspeito.

Motivo

O diretor Eric Seba disse que, apesar de ter sido “uma opinião pessoal”, Lucena deveria ter tomado mais cautela, uma vez que falava em um grupo institucional. “Preciso me preocupar com a marca da instituição”, disse, ressaltando que considera “ofensiva” a opinião de Lucena. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) autorizou a ação e o ex-diretor deve será remanejado para outra unidade da Polícia Civil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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