Brasília – A dança das cadeiras no Banco do Brasil (BB), iniciada esta semana com a troca de dois vice-presidentes, deverá atingir agora a Diretoria de Marketing. O diretor Henrique Pizzolato é o próximo da lista de substituições, que é acompanhada de perto pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci. A mudança no perfil da cúpula do BB era preparada há dois meses, desde que o ministro da Fazenda conseguiu aval do governo para efetivar na presidência Rossano Maranhão, um técnico de carreira do banco que ocupou, interinamente, o cargo por cinco meses.
Com isso, Palocci venceu a primeira batalha na disputa interna do PT, que sempre teve a instituição financeira como objeto do desejo. Segundo fontes da área econômica, a idéia era aproveitar a virada do semestre, quando encerra-se mais um balanço da instituição, para fazer as substituições, retirando pessoas com vínculos políticos e adaptando o comando do banco ao perfil mais técnico de Maranhão.
Inicialmente, segundo a fonte, acreditava-se ser possível deslanchar o processo sem grandes alardes, seguindo o estilo do ministro. No entanto, a estratégia foi atropelada pela crise política e ganhou dimensão maior porque ocorreu no momento em que se questionava, eticamente, a relação do partido com o banco, por causa de um empréstimo de R$ 20,6 milhões concedido à legenda. Ontem, a instituição divulgou uma nova nota oficial desvinculando, mais uma vez, a troca nas vice-presidências à operação de crédito com a sigla, que é considerada absolutamente legal pelo BB.
Argumenta-se que nenhum dos dois vice-presidentes substituídos tinha competência para autorizar uma operação desse tipo, que é decidida pelo Conselho Diretor do banco. Independente desse empréstimo à agremiação, fontes do banco confirmam que a instituição passa por uma reorganização, com o objetivo de despartidarização.
A saída de Luiz Eduardo Franco Abreu, da área de Finanças e Mercado de Capitais, é a prova disso. A nomeação dele, há cerca de dois anos e seis meses, foi vista como ingerência política do PT no BB. Hoje, a substituição de Abreu é um passo no caminho contrário.
Nas próximas semanas, deverão ocorrer mais mudanças. Geraldo Magela, presidente do BBPop, o banco popular criado para atuar em segmentos de baixa renda, tem anunciado, internamente, que pretende se candidatar nas próximas eleições. Com isso, o petista do Distrito Federal deixa Palocci e o presidente do BB numa situação mais tranqüila.
?Ele vai se desincompatibilizar para ser candidato. Então é uma questão simples?, disse uma fonte.
Já Pizzolato é uma questão maior. Ligado ao chefe da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República, Luiz Gushiken, Pizzolato sustenta-se no cargo graças ao apoio político.
Apesar de ser petista de carteirinha e ligado ao Sindicato dos Bancários, ele nunca foi bem aceito como diretor. A saída era dada como certa depois do episódio envolvendo a compra pelo BB de ingressos para o show da dupla sertaneja Zezé Di Carmargo e Luciano, para angariar recursos ao PT.
Na época, o então presidente do BB, Cássio Casseb de Lima, exigiu a saída de Pizzolato, mas não conseguiu. Lima deixou o cargo no fim de 2004, sem conseguir reverter as indicações políticas na instituição.
O caso específico de Edson Monteiro, vice-presidente da área de Varejo e Distribuição, é tido como uma exceção nessa despartidarização. A saída dele era anunciada desde que se confirmou o nome de Rossano para a presidência. Maranhão e Monteiro sempre tiveram divergências dentro da diretoria por causa do suposto gênio estourado do vice-presidente.
Ainda assim, o presidente do BB ofereceu a ele três cargos em subsidiárias do BB. Monteiro, funcionário de carreira aposentado, ficou de dar uma resposta.