A direção do PT reunirá a nova bancada de deputados do partido pela primeira vez, no dia 6, para harmonizar o discurso dos parlamentares da legenda, que deixa de ser oposição para assumir a responsabilidade pelo governo. A preocupação da cúpula petista é manter a coesão da bancada, que inclui 26 deputados das alas mais à esquerda do partido. Alguns deles têm realizado reuniões paralelas e preocupam a direção partidária porque prometem ter uma atuação crítica e de cobrança sobre o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), a reunião servirá para integrar ao atual grupo os novos parlamentares, inteirando-os dos principais projetos em discussão no Congresso.
“Queremos dar informes sobre a situação do Orçamento e das nossas prioridades para este etapa de transição”, disse Cunha.
Segundo ele, o presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), e o prefeito de Ribeirão Preto (SP), Antônio Palocci, coordenador da equipe de transição de Lula, também participarão do encontro e darão informes sobre a transição do ponto de vista político e administrativo, respectivamente.
O encontro deve ser realizado a portas fechadas, num dos auditórios da Câmara. Um dos pontos que promete dividir os petistas é a definição do salário mínimo, principalmente se o presidente decidir não mudar a previsão inicial do atual governo embutida na proposta de Orçamento de 2003, que eleva o mínimo para apenas R$ 211. O novo valor do salário, dizem os líderes do PT, dependerá de cortes nas despesas ou de receitas adicionais, e é esse quadro concreto e complicado que será apresentado aos deputados eleitos.
Dos 58 atuais deputados federais do partido, 22 não se reelegeram. Como o partido elegeu 91 parlamentares, 55 deles são novatos e precisam ser integrados rapidamente ao ritmo da Câmara nesta nova fase governista do PT. Para estimular a integração, a liderança do partido vai sugerir aos atuais deputados que “adotem” os novos companheiros, compartilhando seus gabinetes com aqueles que quiserem se mudar para Brasília.
A posse dos deputados eleitos ocorrerá apenas em 1.º de fevereiro e a idéia do partido é que os novatos não percam muito tempo com a adaptação. O mês de janeiro será atipicamente marcada pela coexistência de um Congresso velho e de um governo novo já empossado.
Para evitar essa sobreposição, de acordo com o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), ex-líder na Câmara, o governo Lula tentará não recorrer à convocação extraordinária do Congresso. Mas o atual líder, João Paulo Cunha, não descarta a necessidade de chamar os deputados a comparecer em janeiro, “se o Orçamento não for votado até o final de dezembro”, por exemplo.