Peemedebistas de todas as alas estão de acordo com o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu em pelo menos um ponto: na afirmativa de que o PMDB será peça-chave em qualquer cenário pós-eleições gerais de outubro. Os governistas, à frente o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador José Sarney (PMDB-AP), concordam, inclusive, com a avaliação de que ?se o presidente Lula e o PT tiverem cabeça?, devem se aliar ao PMDB para vencer e governar depois.
Mas nem este grupo vê em Dirceu um interlocutor confiável que deva ser procurado. Desconfiam até que as críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem o ex-ministro referiu-se como ?conservador?, sejam parte de um jogo combinado, em que procura separar sua imagem da figura do presidente.
O entendimento geral é de que Dirceu saiu ?muito queimado? da crise e que não se reabilitará a ponto de ser novamente um interlocutor estratégico, por mais força que venha a ter no PT. Ao contrário dos expoentes da ala governista, que se recusaram a comentar a entrevista do ex-ministro, a ala da oposição, liderada pelo presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), desdenhou até da afirmativa que é consensual. ?Dirceu apenas constatou o óbvio ao reconhecer a força do PMDB?, resumiu Temer. Em seguida, porém, ele contesta a ?insinuação? de que o partido não terá candidato próprio à corrida presidencial. ?Ou ele comete um equívoco de interpretação, ou está mal informado?.
Nos bastidores, tanto os governistas como os oposicionistas que querem um candidato próprio ou são simpáticos a uma aliança com o PSDB também concordam na avaliação de que o ex-ministro está no mínimo três anos e meio atrasado no reconhecimento de que o PMDB é fundamental para garantir a governabilidade. Os mais próximos de Dirceu, no entanto, fazem questão de lhe fazer justiça. Dizem que ele bem que se esforçou para selar, no início do governo, a aliança estratégica com o PMDB que ele prega agora.
