O presidente do PT, José Dirceu, mandou hoje cedo, pela TV, um primeiro recado aos que duvidam que o futuro governo petista cumpra as promessas de campanha, de que honrará os acordos internacionais. “Eu leio nos jornais, a todo momento, executivos, porta-vozes e analistas de grandes bancos fazendo declarações pedindo para o presidente eleito, ou nós, afirmar e garantir que vamos manter os acordos internacionais do País. Evidentemente que isso é desinformação ou já é um jogo político para pressionar o futuro governo a adotar políticas que não deram certo e não ajudaram o País a crescer”.

A declaração foi feita em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo. O presidente do PT afirmou também, na entrevista, que calcula um prazo de 6 a 18 meses para a retomada do crescimento econômico e deu um segundo recado aos mercados, desta vez otimista. Ao afirmar sua convicção de que o País vai melhorar, completou: “É inevitável. A curto prazo o Brasil pode estar vivendo uma situação difícil, mas é evidente que o Brasil é uma grande oportunidade para os investidores e tem condições de honrar seus compromissos com os credores”.

Reuniões

O presidente do PT ressaltou, na entrevista, que os fundos de pensão podem e devem ser uma alternativa de poupança e de capitalização no País. “Vamos abrir essa discussão da reforma da Previdência na sociedade. O Brasil precisa garantir aos aposentados uma aposentadoria que seja o mínimo para viver de forma digna”, concluiu.

Em seguida confirmou que, já na próxima semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começará as reuniões com todos os partidos políticos, para discutir a governabilidade. “Temos de construir uma base de sustentação do novo governo e definir as principais medidas no primeiro trimestre (de 2003).” O cronograma do partido para o primeiro semestre de 2003, segundo ele, está definido: aprovação da reforma tributária, avanços na reforma da Previdência e primeiras discussões para mudanças nas leis trabalhistas.

Dirceu explicou que, para viabilizar as medidas pretendidas no início de mandato é imprescindível que a arrecadação não diminua. Segundo ele, o fato de o PT defender atualmente a manutenção das alíquotas de 27,5% do Imposto de Renda da Pessoa Física e de 9% da Contribuição Sobre o Lucro Líquido (CSLL) não significa que o partido concorde com elas. “Não podemos ter perdas nas receitas agora. Para retirá-las (as alíquotas) precisamos da reforma tributária”, justificou.

Confiança

Ele apresentou cálculos pelos quais as reformas tributária e previdenciária poderão garantir, no futuro, recursos para investimentos em programas mais amplos. “Nós temos confiança, segurança e temos propostas para retomar o crescimento econômico e a convicção de que em torno de um pacto nacional pelo Brasil poderemos aprovar as reformas necessárias para o País.”

O presidente do PT acredita que será possível, já no primeiro ano de governo, cumprir compromissos importantes no combate a fome e na área de segurança pública. Em relação ao salário mínimo, foi cauteloso. “Ao mesmo tempo, temos de garantir essa transição para uma nova política econômica, com um superávit fiscal já acordado, e temos de manter a inflação sob controle”, ressaltou. Mas manteve a promessa: “Podem ter certeza de que, no caso do PT, o presidente eleito já assegurou, não vamos abrir mão daquilo que é evidentemente a nossa história e as nossas propostas fundamentais”.

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