Dirceu intensifica busca de apoio para se salvar

Depois de participar da reunião de coordenação do PT, onde falou de seu processo de cassação, o deputado José Dirceu (PT-SP) passa a tarde dando telefonemas para os parlamentares pedindo apoio no julgamento que deve ser realizado nesta quarta-feira.

Para fechar a lista, ele precisa falar ainda com cerca de 30 deputados. Para alguns, está ligando pela segunda vez para reforçar o pedido de apoio. Além dele, estão trabalhando na mobilização contra a cassação os deputados Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), Sigmaringa Seixas (PT-DF), Ângela Guadagnin (PT-SP), Nilson Mourão (PT-AC) e o presidente do PT, Ricardo Berzoini (PT-SP).

Pela avaliação de Dirceu, segundo seus interlocutores, o PMDB pode ser decisivo em sua cassação, já que este é o partido da base em que encontra maior dificuldade para obter apoios, principalmente pela influência do grupo do ex-governador Anthony Garotinho e dos deputados Nelson Trad (PMDB-MS) e César Schirmer (PMDB-RS), membros do Conselho de Ética. No PMDB, ele não conta com mais do que 30 votos contra a cassação.

Até agora a promessa de maior apoio é do pequeno PCdoB, de Aldo Rebelo (SP). A previsão é que tenha 100% de apoio dos nove parlamentares comunistas. No PSB do ex-ministro Eduardo Campos (PE), a dissidência pode chegar a 20%. Reservadamente, líderes do partido lembram as enormes dificuldades que o PSB encontrou no Ministério por culpa da interferência de Dirceu quando ministro da Casa Civil.

O PTB estaria dividido e na bancada do PP, liderada por Ricardo Barros (PR), ex-vice-líder do governo FHC, cerca de 40% estariam trabalhando contra Dirceu. No próprio PT, que o líder Henrique Fontana (RS) promete encaminhar contra a cassação, deve haver cerca de 10 dissidências. Dirceu acha que pode ter alguns votos também na oposição, como no PDT de Miro Teixeira (RJ), no PFL e no PSDB.

Preocupado com a cassação, Dirceu nem percebeu a aproximação de um homem ontem e foi agredido a bengaladas no Salão Verde da Câmara. O agressor, o escritor Yves Hublet, de 67 anos, foi detido pela Polícia Legislativa. Logo depois da agressão, José Dirceu conversou rapidamente com os jornalistas. Ele disse ainda que a atitude do agressor mostra, de certa forma, ?o ambiente de hostilidade política que acabou se criando no País?. ?Quando se fala em surrar o presidente da República, quando se diz que o presidente é um bandidão, cria-se um caldo de cultura de que o País não precisa.? 

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo