Brasília – O ingresso do PMDB no governo será decidido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva “no momento adequado”, disse o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, sem estimar prazos. “Todos nós sabemos que neste momento isto está fora de cogitação”, afirmou. “Tanto porque o PMDB não pleiteou, como também porque o governo não colocou em sua agenda fazer reforma ministerial”, afirmou o ministro, que está em Porto Alegre. Ele disse acreditar, contudo, que haverá participação do PMDB no governo no futuro “em nível ministerial “.
O presidente nacional do PT, José Genoino, admitiu ontem em Brasília que o partido já se prepara para abrir mão de um ministério no governo de Luiz Inácio Lula da Silva em favor do PMDB. Em troca, o PMDB passaria a integrar a base de apoio do governo no Congresso. “O PT está se preparando. Estamos suficiente maduros para governar o Brasil num coalizão que vai além da esquerda. A tarefa prioritária do PT é viabilizar o governo Lula e para isso é importante fazer uma aliança com os setores de centro, para que o PT não abra mão de seu programa e seus valores”, disse Genoino. O governo deverá ceder uma pasta ao PMDB após a aprovação das reformas tributária e da Previdência.
Genoíno afirmou que, na sua opinião, a proposta de reforma previdenciária encaminhada pelo Executivo não enfrentará problemas para ser aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara nesta semana. “A CCJ vai apreciar a constitucionalidade e o projeto está bem feito. É sempre bom destacar que o é um projeto totalmente diferente dos projetos do governo FHC.”
O presidente do PT também comentou o manifesto assinado por 30 deputados federais da legenda contestando a política econômica do governo. Segundo ele, trata-se da opinião de uma “minoria” e a divulgação ocorreu em um momento inoportuno.
Petista ganha mais força
São Paulo
– A distribuição de cargos da administração federal pode ter descontentado parlamentares petistas, que tiveram que dividir a participação no governo com partidos aliados, mas não deve ter desagradado o secretário nacional de Organização do PT, Silvio Pereira. Oficialmente sem cargo na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mesmo sem nenhum mandato eletivo, Pereira ganhou notabilidade nos bastidores do Palácio do Planalto ao coordenar todo o trabalho de distribuição de cargos federais nos Estados, aumentou seu prestígio internamente e ainda conseguiu emplacar dois irmãos em funções de comando de órgãos públicos da União.Há um mês, a bióloga Analice Novaes Pereira assumiu a gerência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no estado de São Paulo, substituindo Wilson Lima, que ocupara o cargo por dois anos. Irmã do secretário petista, ela trabalhava no projeto de reciclagem em feiras livres do Departamento de Limpeza Urbana (Limpurb) da Prefeitura paulistana e a nomeação para o novo cargo não foi bem recebida por funcionários do Ibama.
O ex-titular da função é um técnico de carreira do instituto, enquanto a nomeação de Analice foi encarada como um ato político influenciado diretamente por Silvio Pereira. O outro irmão do dirigente contemplado com cargo é Ademir Pereira, nomeado diretor técnico e operacional da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Na empresa, ninguém aceita falar sobre a indicação e as funções do novo diretor.
