O deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), presidente da CPMI dos Sanguessugas, disse ontem que está convencido sobre a ?origem criminosa? da bolada de R$ 1,75 milhão que quadros do seu partido levantaram para comprar o dossiê Vedoin. Biscaia veio a Cuiabá para retirar na Polícia Federal cópia do inquérito que investiga a trama contra José Serra, do PSDB. O deputado conversou por uma hora com o superintendente regional da PF, delegado Daniel Lorenz, que garantiu atuar com independência e autonomia, livre de pressões do governo.
O presidente da CPMI também foi recebido pelo juiz Jefferson Scheinneder, da 2.ª Vara Federal do Mato Grosso. ?A origem (do dinheiro) é ilícita, quanto a isso não há a menor dúvida?, reiterou Biscaia. ?A origem do dinheiro é criminosa, mas dizer se é desta ou daquela atividade criminosa é prematuro.?
Segundo o parlamentar, a conclusão sobre a procedência escusa do dinheiro do PT encontra amparo no fato de que o rastreamento oficial não identificou saques no sistema financeiro naquele montante. ?Não há no período (um mês antes da prisão de Gedimar Passos e Valdebran Padilha, com o dinheiro) saques lícitos de valores neste total. Então, é lógico que a origem é criminosa. Quanto a isso não há mais dúvida. Fui ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) com outros parlamentares. Não há saques neste montante.Os saques, se aconteceram em estabelecimentos bancários, foram feitos de forma parcelada, em pequenos volumes.? Ele disse que não vai permitir que a CPMI se transforme em disputa político-eleitoral a partir do dossiê Vedoin.
Daniel Lorenz, chefe da PF no Mato Grosso, afirmou que a investigação segue ?boas pistas, bastante interessantes?. Ele confirmou que o rastreamento telefônico mostra contatos dos envolvidos com dez ministérios e órgãos públicos federais. ?Estamos trabalhando no tempo da investigação e não no tempo do calendário eleitoral?, declarou Lorenz. Ele disse que ?é possível? que ocorram novos pedidos à Justiça de quebra de sigilo bancário e telefônico de suspeitos. O superintendente confirmou também ?diligências muito importantes em curso?. Disse ainda, que ?antes das eleições a PF deverá esclarecer a origem do dinheiro ou pelo menos apresentar uma boa tese?.
Convocação de Bastos
O subrelator da CPMI, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), apresentou ontem requerimento para convocar o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para prestar depoimento na comissão. O tucano quer que o ministro explique seu interesse na defesa dos acusados de participarem da tentativa de compra pelos petistas, do empresário Luís Antônio Vedoin, do dossiê com documentos que supostamente ligariam os tucanos ao escândalo da venda de ambulâncias superfaturadas da Planam.