A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, acertou ontem com a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), a criação de um grupo de trabalho para avaliar a crise financeira do Estado e discutir propostas de colaboração para recuperar a capacidade de investimento do Executivo gaúcho. Dilma não deu detalhes sobre a composição do grupo, discutida na tarde de ontem em reunião com líderes empresariais e políticos do Estado, mas considerou que o relacionamento entre União e Rio Grande do Sul mudou de característica. "Uma relação de parceria entre iguais", definiu.
A ministra reiterou a garantia dada pelo governo federal, por meio da aprovação na Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), ao pedido de financiamento de US$ 1 bilhão que o Rio Grande do Sul apresentou ao Banco Mundial (Bird). O dinheiro será usado na mudança de perfil de parte da dívida gaúcha. Ao ser questionada sobre se o aval ao empréstimo seria um reconhecimento pela atuação da governadora tucana em defesa da prorrogação da CPMF, Dilma procurou desvincular as duas ações.
Ela observou que a tramitação de um pedido como esse é complexa e não foi produzida anteontem, quando a Cofiex aprovou a consulta do Estado. "O governo federal aprovaria esse projeto em qualquer hipótese, pela qualidade dele", elogiou, ressaltando que o Bird também já começou a avaliar a proposta. Dilma citou ainda o financiamento do Banco Mundial como uma das medidas de caráter estrutural para combater as dificuldades do Estado, que parcela parte da folha de pagamento desde março e espera déficit orçamentário em torno de R$ 1,2 bilhão em 2008.
Durante sua visita ao Rio Grande do Sul, a ministra, que ontem completou 60 anos, foi surpreendida com um bolo para comemorar seu aniversário.
O secretário de Desenvolvimento e de Assuntos Internacionais do Rio Grande do Sul, Nelson Proença (PPS), pediu ontem demissão do cargo em carta enviada à governadora. Há duas semanas, ele havia criticado o governo gaúcho por ter se tornado uma "fábrica de más notícias", referindo-se às reportagens veiculadas pela imprensa sobre o déficit orçamentário e o engessamento da capacidade de investir do Estado.
Segundo Proença, a agenda negativa estaria prejudicando a atração de investimentos privados ao Rio Grande do Sul. Na carta ele destaca que sua decisão contribuirá para o processo de ajustes na estrutura do Estado. Yeda já estava preparando uma reforma no secretariado para janeiro e terá de antecipar pelo menos a substituição de Proença, que retorna à Câmara dos Deputados, para a qual foi reeleito em 2006. A pasta foi assumida interinamente pelo secretário-adjunto Josué Barbosa.