Dilma é a escolhida para a Casa Civil

Arquivo / O Estado

Dilma: escolha põe fim a uma longa crise que gravitou no gabinete civil do Planalto.

Brasília – O substituto de José Dirceu na Casa Civil será a ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff. A informação foi divulgada no começo da noite de ontem pelo porta-voz da Presidência da República, André Singer. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve reunido até pouco antes das 19h com Dilma e os ministros Antônio Palocci, da Fazenda, Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, Jaques Wagner, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, e Marcelo Déda, prefeito de Aracaju.

O nome de Dilma Roussef era o mais cotado desde que José Dirceu anunciou sua saída, para retornar à Câmara Federal. Para decidir os últimos detalhes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou em duas horas o retorno ao Brasil depois de ter participado da 28.ª Reunião de Cúpula do Mercosul, em Assunção, no Paraguai. A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff acompanhou Lula na viagem.

Com Dilma, Lula dá um caráter mais administrativo à Casa Civil, sem o perfil político que a função possuía nas mãos de Dirceu. A troca de Dirceu por Dilma é mais um capítulo da crise envolvendo o PT e o governo após as denúncias de corrupção nos Correios e do suposto esquema de ?mensalão? do PT a aliados no Congresso. Dirceu deixou a Casa Civil para reassumir seu mandato de deputado federal e se defender das acusações que vem sofrendo por parte do deputado Roberto Jefferson (RJ), presidente licenciado do PTB.

A saída de Dirceu abre espaço para Lula concluir a tão esperada reforma ministerial. Cogita-se agora que o presidente possa abrir mais espaço para o PMDB, além de extinguir a pasta da Coordenação Política, com o ministro Aldo Rebelo voltando para a Câmara dos Deputados para fortalecer a tropa de choque de governo. A reforma ministerial deve ser feita aos poucos. Lula estuda oferecer mais duas pastas ao PMDB – que já tem Previdência e Comunicação – e pretende oferecer ao PP um cargo de primeiro escalão.

Lula pretende conversar com os diversos grupos do PMDB até a quinta-feira. A ala governista, capitaneada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney (AP), aguarda uma oferta do presidente para tentar um entendimento com o grupo oposicionista do partido. O próprio Lula pretende procurar os oposicionistas, chamando para conversa o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), e alguns dos sete governadores, como Jarbas Vasconcellos (PE).

Para tentar facilitar um entendimento, Lula deverá excluir a promessa de um compromisso do PMDB em torno de sua reeleição. Sua idéia é fazer uma proposta para aumentar canais de governabilidade no Congresso, onde o governo travará nos próximos meses duras batalhas a respeito das acusações de corrupção. Lula avalia que, se superar a crise política e se a economia estiver bem em 2006, terá muita chance de um entendimento com a maior parte do PMDB para as eleições de outubro de 2006.

Ironicamente, o pivô da crise que derrubou Dirceu, Roberto Jefferson, elogiou a escolha de Lula: ele comentou a escolha de Dilma dizendo que o presidente ?já começa a acertar?. ?Aí, ele faz um gol de rasgar a rede?, afirmou, acrescentando que Dilma é ?muito melhor? porque tem qualidade moral.

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