A segunda maior curiosidade eleitoral do Rio Grande do Sul – atrás apenas de quem será o novo governador – é descobrir qual o instituto fez as pesquisas eleitorais corretas. Todos apontam vantagem para o candidato Germano Rigotto (PMDB/PSDB/PHS), mas a diferença varia de 23 pontos porcentuais (58% a 35%) do Ibope, no fim da semana passada, aos cinco pontos porcentuais (50% a 45%) do Correio do Povo, nesta sexta-feira, passando pelos 18,1 pontos porcentuais (56% a 38,4%) do Cepa/UFRGS na quinta-feira.
O candidato Tarso Genro (PT/PCB/PC do B/PMN) prefere acreditar no quase empate técnico – a margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais – do Correio do Povo e no trabalho da militância para reverter a tendência. Ao mesmo tempo, os analistas da coligação analisam detalhadamente as pesquisas dos outros institutos tentando encontrar erros que justifiquem um pedido de retratação.
Em seu programa eleitoral, Rigotto usou os dados de todas as sondagens. Mas, nas entrevistas, disse que nunca orientou seu trabalho pelas pesquisas, nem quando era o quinto colocado, no primeiro turno, com menos de 4% das intenções de voto. E aproveitou para provocar os adversários ao dizer que não briga com os institutos. “Mas tem instituto que vai ficar desmoralizado”, disse o candidato.
Um dirigente petista diz que o Cepa/UFRGS aplicou a maior parte de seus questionários em municípios onde Rigotto foi bem no primeiro turno. O coordenador da pesquisa, Luiz Antônio Slongo, considera a crítica infundada. “Fazemos a pesquisa sempre nos mesmos 49 municípios e no primeiro turno acertamos o resultado”, informa, com a convicção de que repetirá a performance no segundo turno.
A coordenadora do Centro de Pesquisas Correio do Povo, Elaine Losch, também defende seus métodos, sem criticar os outros, que diz desconhecer, lembrando que a pesquisa do jornal foi a primeira a detectar o crescimento da candidatura de Olívio Dutra (PT) em 1998 e de Rigotto no primeiro turno de 2002. O CPCP só repete a amostragem nos oito maiores municípios gaúchos. Os outros 73 municípios são sorteados a cada rodada.
A polêmica só acaba antes da eleição na improvável hipótese de as pesquisas do Cepa/UFRGS e do Ibope que o jornal Zero Hora publica neste final de semana mostrarem índices semelhantes aos do Correio do Povo, que não fará nova consulta aos eleitores.