Brasília – Neste domingo (25) é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. A data foi designada em 1999 pelas Organização das Nações Unidas (ONU) para lembrar à sociedade dos direitos das mulheres.

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Também neste domingo começa a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, lançada semana passado no Congresso Nacional. Os lemas são ?Uma vida sem violência é um direito das mulheres? e ?Está na lei! Exija seus direitos?. A campanha é desenvolvida há 17 anos em 135 países, de 25 de novembro a 10 de dezembro.

Para a deputada Cida Diogo (PT-RJ), o dia serve para muita reflexão e luta. Ela avalia que a Lei Maria da Penha, em vigor há mais de um ano, ?veio para ficar? e está mexendo com as instituições públicas, obrigando a Justiça a assumir o seu papel nessa questão.

Sancionada em 7 de agosto de 2006, a lei, de número 11.340, aumenta o rigor das penas contra os autores de crimes de violência doméstica e sexual . A lei ganhou esse nome em homenagem à luta de vinte anos dessa corajosa cidadã, vitima de duas tentativas de assassinato, com graves seqüelas, até conseguir a condenação do agressor que era o seu próprio marido. A tragédia pessoal de Maria da Penha virou símbolo da luta contra os maus-tratos físicos, psicológicos e morais sofridos por parcela significativa da população feminina brasileira.

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"Temos que exigir cada vez mais que as varas especiais se multipliquem país afora?, comenta Cida Diogo. ?E que as nossas mulheres tenham no Judiciário o direito de registrar a sua queixa, de promover algum processo contra o agressor e exigir que o Executivo tenha serviço público que dê assistência as mulheres vítimas de violência. Além de trabalhar efetivamente para construir uma sociedade em que homens e mulheres sejam iguais e livres, sem um querer se sobrepor ao outro."

"Essa é uma luta das mulheres, mas os homens de bem deste país têm que estar nessa caminhada também", conclui Cida.

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Para Silvania Soares, 26 anos, vítima de violência no trabalho, ainda falta esclarecimento a respeito dos direitos das mulheres. "Na minha comunidade eu conheço várias mulheres que são violentadas por seus companheiros e não sabem dos seus direitos. Quando falo da Lei Maria da Penha elas confirmam que não sabem do que realmente se trata", explica Soares.

"Para mim, todo tipo de alerta e mobilização que se cria em volta desse assunto é válida. Hoje em dia, por mais que se tenha acesso fácil a mídia, como televisão, jornal e até mesmo internet, várias mulheres ainda não sabem dos seus direitos. Muitas são violentadas todos os dias de várias maneiras ? quando vão pegar um ônibus ou no ambiente de trabalho, por exemplo. A maioria ainda sofre uma discriminação muito grande, pois a idéia é que a mulher serve apenas para lavar, passar e cozinhar."

A coordenadora-geral da Casa da Mulher Trabalhadora, no Rio de Janeiro, Eleuteria Amora da Silva, fala da importância de ter um dia para chamar a atenção da população em relação ao problema.

?A gente já avançou com a Lei Maria da Penha, que tipifica a lei ? agora a mulher não pode mais retirar a queixa registrada [contra o agressor] na delegacia, por exemplo. Para conter a violência contra as mulheres é necessário o envolvimento de toda a sociedade. Eu diria que é algo para ficamos horrorizados e não aceitarmos?, comenta Silva.

?As mulheres precisam ter consciência que não podem continuar com medo e vergonha, vivendo em situações constrangedoras. Como é o caso da jovem que fico presa em uma cela com 20 homens. Esse tipo de situação não poderia acontecer mais em nosso país?, diz.

Segundo Eleuteria Amora da Silva, a Casa da Mulher Trabalhadora tem sido procurada por uma grande quantidade de mulheres, mostrando que a Lei Maria da Penha tem impacto na sociedade. Para ela, a efetividade da lei ainda depende de medidas como a implementação de juizados especiais para casos de violência contra a mulher.