O avanço da vacinação contra a Covid-19, o nível menor de restrições a atividades e até o frio intenso em parte do Brasil animam o comércio às vésperas do Dia dos Pais, que será celebrado no próximo domingo (8).

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Na visão de varejistas, as vendas relacionadas à data devem representar um alívio para os negócios após as dificuldades trazidas pela pandemia.

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O estímulo só não será maior porque fatores como o desemprego e a inflação em alta comprometem a renda de parte das famílias, dizem entidades empresariais. O país tinha 14,8 milhões de desempregados no trimestre até maio, e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a 8,35% no acumulado de 12 meses até junho.

Neste ano, as vendas do Dia dos Pais devem movimentar R$ 6,03 bilhões no Brasil, estima a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O desempenho, se confirmado, significará alta de 13,9% ante 2020 (R$ 5,3 bilhões corrigidos pela inflação). No mesmo período do ano passado, as lojas amargavam maiores restrições devido ao avanço da crise sanitária.

A projeção de R$ 6,03 bilhões também supera o resultado de 2019 (R$ 5,97 bilhões), mas fica abaixo da marca verificada em 2018 (R$ 6,10 bilhões), segundo dados da CNC atualizados pela inflação.

O Dia dos Pais é a quarta data comemorativa mais importante para o varejo nacional.

Vacinação e desemprego

“Há um cenário mais positivo, que remete à vacinação. A circulação de pessoas ainda não voltou ao normal nas lojas, mas o consumidor está mais encorajado a frequentar o comércio”, avalia o economista Fabio Bentes, da CNC.

“O setor poderia apresentar um desempenho ainda maior se tivesse mais condições favoráveis, como desemprego, inflação e juros mais baixos”, pondera.

Bentes sinaliza que o comércio aberto traz alento porque as operações físicas são o carro-chefe do setor. Segundo ele, o varejo online, mesmo com o estímulo do isolamento social na pandemia, ainda representa menos de 10% das vendas.

Tradicionalmente, as lojas de vestuário, calçados e acessórios costumam se destacar no Dia dos Pais. Neste ano, o quadro não será diferente, de acordo com a CNC.

Embora ainda não tenha recuperado o ritmo pré-crise, o ramo deve faturar R$ 2,43 bilhões na data. Ou seja, tende a responder por cerca de 40% do total previsto para o comércio, aponta a entidade.

“Como o setor de vestuário ainda não conseguiu recuperar todas as vendas, não está tendo muito espaço para aumentar preços. O consumidor pesquisa ofertas e pode encontrar um desconto aqui, outro ali”, pontua Bentes.

Aldo Macri, vice-presidente do Sindilojas-SP (Sindicato do Comércio Varejista e Lojista do Comércio de São Paulo), também vê um cenário mais positivo neste ano. Com a vacinação em andamento, “a engrenagem está voltando a girar”, define o dirigente.

“O comércio de São Paulo ficou um bom tempo fechado por causa das restrições na pandemia. Agora, a expectativa é bastante positiva. Tem duas questões importantes: a vacina e o relaxamento das restrições”, observa.

Segundo Macri, as vendas do Dia dos Pais em São Paulo devem subir na faixa de 14% a 16% em relação a 2020, quando o tombo ficou na casa de 40%. “É a recuperação de uma parcela daquilo que foi perdido”, ressalta.

Ajuda do frio

No Rio Grande do Sul, além da vacinação e das restrições menores, lojistas também comemoram os reflexos do frio intenso às vésperas do Dia dos Pais.

É que as temperaturas mais baixas estimulam as vendas de peças de vestuário com preços mais elevados, destaca Sérgio Galbinski, presidente da AGV (Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo). Na reta final de julho, municípios do estado chegaram a registrar neve.

“As pessoas estão circulando mais, e o frio ajuda muito neste ano, porque o tíquete médio fica mais alto. O valor de um casaco é maior do que o de uma camiseta. Os consumidores não adquiriram muitos itens de frio no ano passado”, comenta Galbinski.

Medidas menos restritivas

Empresários da região Nordeste reforçam o coro de otimismo. Cid Alves, presidente do Sindilojas Fortaleza, afirma que, além da vacinação e da flexibilização de medidas restritivas, recursos do auxílio emergencial ajudam o comércio na capital cearense.

Ele aposta em crescimento de cerca de 10% nas vendas do Dia dos Pais, na comparação com o ano passado.

“O Ceará é grande produtor de confecções e calçados. A gente só não vai crescer mais porque estão faltando algumas matérias-primas para produção de tecidos. Consequentemente, não existe a mesma variedade de produtos”, pondera.

Na segunda-feira (2), a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) projetou aumento médio de 32% nas vendas em shopping centers para o Dia dos Pais.

Essa elevação representa acréscimo de R$ 870 milhões nos negócios em relação a 2020. No mesmo intervalo do ano passado, as vendas despencaram 32,5% frente a 2019.

Durante a pandemia, estabelecimentos do gênero tiveram operações paralisadas por decretos, em uma tentativa de estados e municípios de frear os casos de coronavírus.

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