Durante o lançamento do novo Ka, produzido na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, o governador de São Paulo, José Serra, anunciou que vai reeditar o decreto que dá prioridade à devolução do ICMS a que as empresas exportadoras têm direito, de acordo com a lei Kandir, em troca de novos investimentos produtivos no Estado. De acordo com o governador, as empresas instaladas em São Paulo têm hoje cerca de R$ 4 bilhões a receber em crédito de exportação, mas os Estados têm dificuldade em conceder esses recursos devido às restrições orçamentárias.
Aprovada em 2004, essa medida vigorou por 2005, 2006 e 2007, mas se encerraria no fim deste ano. "O governo disse à Ford que se ela queria crédito, teria que investir na fábrica do ABC. Em 90% dos investimentos feitos para este novo carro vieram disso", disse Serra.
O governo devolveu R$ 350 milhões à Ford justamente pelo comprometimento da empresa em produzir um novo carro na região. Serra declarou que reconhece a importância da indústria para os Estados e para o País. Ele citou que nasceu na Mooca, um bairro industrial, e que, quando foi ministro do Planejamento, em 1995, já se preocupava com o câmbio, que naquele momento também estava valorizado.
"O acordo com o Mercosul, que diminui o imposto de importação dos veículos produzidos na Argentina, estava incentivando as empresas a deixarem o Brasil. Na época, a Ford disse que iria embora e que se tornaria uma importadora no Brasil", disse o governador. "Procurei o presidente Fernando Henrique Cardoso e elevamos o imposto de importação. Pedi ao então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC, Luiz Marinho, apoio ao regime automotivo brasileiro. Esses incentivos deram encrenca até na OMC, mas nós os mantivemos e a Ford ficou", acrescentou.
