Mesmo anos atrás, quando José Serra ajudava seu pai, um imigrante italiano, a vender abacaxis em um bairro operário de São Paulo, o candidato a presidente do governo já conquistava amigos tão rapidamente quanto fazia inimigos.
Hoje, o presidenciável da aliança governista (PSDB-PMDB) é um daqueles paradoxos políticos. Excelente currículo, ótimo ??quadro?? do partido e candidato do presidente Fernando Henrique Cardoso, é o único dos principais presidenciáveis fora o líder das pesquisas eleitorais, Luiz Inácio Lula da Silva- que nunca venceu uma eleição ao Executivo.
Deputado federal por dois mandatos, eleito senador em 1994, nas duas vezes que tentou a Prefeitura de São Paulo perdeu, e feio. Na primeira, em 1988, ficou em quarto lugar, ajudando, de forma involuntária a eleição da candidata do PT, Luiza Erundina. Em uma eleição em um turno, o candidato do recém-criado PSDB não conseguiu decolar e viu boa parte de seus votos migrarem nos últimos dias de campanha para a candidata petista, no chamado “voto útil?? contra Paulo Maluf.
Em 1996, depois de muito relutar, acabou deixando o Ministério do Planejamento para ser novamente candidato do PSDB à Prefeitura. Nem chegou ao segundo turno, numa eleição que teve a vitória do então malufista Celso Pitta sobre Erundina, ainda no PT.
Determinação
A forte determinação de Serra em progredir a partir da quitanda da família na Moóca fez dele um “workaholic??, um administrador público tremendamente eficiente e um formidável oponente. Em seus dias de estudante, Serra lutou contra a ditadura militar e foi obrigado a exilar-se. No comando do Ministério da Saúde no governo Fernando Henrique, enfrentou as gigantes mundiais do fumo e da indústria farmacêutica e venceu.
Serra, filho único, desenvolveu uma obstinação que fez dele mais um rolo compressor do que um sedutor na busca por seus objetivos.
“Ele é duro, extremamente objetivo e negocia muito pouco??, afirmou Valeriano Ferreira Costa, professor de política da Unicamp, que reconheceu no tucano alguém “extremamente competente??
Normalmente identificado como economista -tem mestrado, pela Universidade do Chile, e doutorado, pela Universidade de Cornell nos Estados Unidos-, não fez graduação na área. Ingressou na Escola Politécnica de São Paulo, onde fez o curso de engenharia civil, interrompido em 1964.