Rio – Os municípios brasileiros com menos de 450 mil habitantes – 92% do total – desviam para a corrupção em média 10% das verbas federais que recebem. Esta é a proporção indicada no trabalho dos economistas Claudio Ferraz, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e Frederico Fenan, da Universidade da Califórnia em Los Angeles. De acordo com outra pesquisa, do Instituto Econômico Suíço, o Brasil deixa de gerar R$ 1,5 bilhão por ano por causa da corrupção.
O trabalho de Ferraz e Fenan, que tem como objetivo avaliar os efeitos eleitorais da corrupção – e deu origem a dois estudos -, baseou-se numa amostra de 493 municípios de menos de 450 mil habitantes do Programa de Fiscalização a partir de Sorteios Públicos, lançado em 2003 pela Controladoria-Geral da União (CGU).
O estudo nota que as transferências federais para os municípios são de R$ 35 bi por ano, mas, por questões estatísticas, não é possível determinar o valor total desviado. O resultado indica, porém, que fração relevante vai parar no bolso dos corruptos.
A pesquisa dos dois integra nova tendência de abordagem econômica do problema da corrupção. É uma área relativamente nova, mesmo no cenário internacional.
?Os economistas estão tentando entender não só as causas da corrupção, mas as conseqüências, como a redução do crescimento e do investimento privado?, explica Ferraz.