O diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo da Aeronáutica (Decea), brigadeiro Ramon Borges Cardoso, confirmou hoje o surgimento de destroços da aeronave do voo 447 em quatro novos pontos no Oceano Atlântico, a uma distância média de 700 quilômetros da ilha de Fernando de Noronha. A descoberta foi feita durante a madrugada, com o auxílio de um avião equipado com radar. De acordo com o militar, os objetos – que aparentemente tem partes metálicas e não metálicas nas cores amarela, branca e marrom – podem fazer parte da área interna do avião.
Atualmente, a Aeronáutica confirma a existência de 15 pontos com destroços, distribuídos em seis áreas. “Durante a madrugada, a aeronave R-99 fez um novo rastreamento e localizou estes pontos. Pela manhã, enviamos equipes em helicópteros e já conseguimos fazer contato visual em dois destes quatro pontos e a partir daí a Marinha direcionou suas embarcações para estas áreas”, explicou o brigadeiro, em entrevista coletiva realizada na sede do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) III, em Recife.
Ainda segundo o militar, a expectativa de que os novos destroços façam parte da área interna do avião acidentado se deve ao formato e coloração das peças visualizadas. “Acreditamos que sejam pedaços de poltronas, dos compartimentos de bagagem ou revestimento da aeronave. Esta é a maior probabilidade, já que estas peças são feitas de material mais leve, que boia mais facilmente”, disse o brigadeiro. Diante da possibilidade de que os destroços encontrados possam fazer parte da interna do Airbus, crescem as especulações sobre a possibilidade de haver corpos ou fragmentos presos às peças.
Com o passar dos dias, o foco da ação da operação montada pelas Forças Armadas brasileiras mudou. “Até ontem nossa preocupação maior antes de recolher era ver se encontrava os corpos. Mesmo passando por locais com destroços, não parávamos o navio. Hoje colocamos os dois trabalhos, busca de corpos e de destroços, no mesmo nível de interesse, mas a remoção dos corpos encontrados terá prioridade. Isso não quer dizer que descartamos as possibilidades de encontrar sobreviventes, apenas alertamos que a cada dia as chances são menores.”
Dificuldades
Apesar de demonstrar otimismo em relação ao planejamento da ação, o brigadeiro revelou algumas dificuldades. “A possibilidade de chegar algum corpo ou destroço, arrastado pela correnteza, em Fernando de Noronha é remota. Além disso, os mergulhadores não podem descer mais que 40 metros. Certamente pode haver situações em que nem mesmo os submarinos operacionais podem chegar às profundidades necessárias. Para isso, teremos que contar com outros equipamentos, como submarinos de pesquisa, por exemplo. O fato é que não mediremos esforços.”
De acordo com a Aeronáutica, os destroços recolhidos serão inicialmente periciados pelas equipes que estão na ilha de Fernando de Noronha e só depois enviados para Recife ou outra cidade. A chegada de pelo menos um dos navios enviados pela Marinha aos locais indicados pela Aeronáutica está prevista para o início da tarde.