Destroços do Airbus A330-200, que fazia no domingo o voo 447 (Rio-Paris), foram identificados a 1,2 mil km do Recife, na madrugada de ontem, por aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

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A confirmação da tragédia, a maior da aviação civil internacional desde 2004, coube ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, que se reuniu com as famílias dos passageiros num hotel da zona oeste do Rio.

De acordo com ele, não foram visualizados corpos. Na aeronave havia 228 pessoas – 61 franceses, 58 brasileiros, 26 alemães e nove italianos, totalizando 32 nacionalidades. Doze do total eram tripulantes.

Um rastro de 5 km de materiais metálicos e não metálicos comprova que se trata do avião da Air France. Jobim ressaltou que as buscas prosseguem numa área de 9.785 km², mas evitou falar em sobreviventes. “Não trabalho com hipóteses, mas com resultados empíricos.”

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Os primeiros vestígios foram localizados por um avião da FAB dotado de sensores (R-99), por volta da 1 hora. A identificação dessa área de buscas foi possível com base em informações preliminares de pilotos da TAM – na noite da tragédia, o voo 8055, que fazia exatamente o trajeto oposto (Paris-Rio), relatou cinco pontos de luz, nas cores laranja e vermelha, a 10 minutos de deixar o espaço aéreo do Senegal.

Às 5h37 desta terça-feira, um Hércules C-130 visualizou manchas de óleo no mar. Às 6h49, identificou-se uma poltrona de avião. Por último, às 12h30, o C-130 detectou a linha de destroços.

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Como consequência da descoberta, o governo brasileiro decretou luto oficial de três dias pelas vítimas. Na França, o torneio de tênis de Roland Garros registrou 1 minuto de silêncio – o mesmo ocorreu em jogos oficiais e no Parlamento. O papa Bento XVI também enviou condolências às famílias.

Até o fim da semana, seis navios que já trabalham nas buscas deverão chegar à área – o primeiro, às 11 horas de amanhã Todo o material recolhido será levado até uma distância de 250 milhas de Fernando de Noronha.

Desse ponto, dois helicópteros carregarão o que for encontrado até o arquipélago. Caso sejam resgatados corpos, Jobim acrescentou que o trabalho de perícia será realizado pela Polícia Federal e pelo Instituto Médico-Legal (IML) do Recife.

Entre os destroços, há ainda um indício de que pode ter ocorrido uma tentativa de evacuação da aeronave. “Não podemos descartar essa possibilidade (de encontrar sobreviventes). Existiam quatro botes no voo e se só um foi avistado, outros podem estar perdidos no mar”, disse um tenente à reportagem, que pediu para não ser identificado. Há ainda a possibilidade de que os botes tenham se desprendido dos bancos na queda.

QUEDA

As investigações sobre as causas do acidente serão conduzidas pelas autoridades francesas, conforme tratados internacionais e normas da Organização de Aviação Civil Internacional (Icao, na sigla em inglês).

Jobim adiantou, porém, que será um trabalho de “grande dificuldade”, sobretudo para encontrar a caixa-preta do A330-200: a região do acidente tem profundidades até 3 mil metros. A esperança é de que equipamentos franceses – e americanos, oferecidos pelo presidente Barack Obama – permitam localizar e resgatar a caixa-preta.

As mensagens automáticas recebidas pela sede da Air France, em Paris, indicam que a tragédia se desenhou em apenas quatro minutos. O primeiro sinal de um possível problema a bordo chegou às 23h10 (hora de Brasília) do domingo, dando conta do desligamento do piloto automático.

As mensagens seguintes apontam uma sucessão de graves panes. O último alerta foi emitido às 23h14: “cabin vertical speed” (cabine em velocidade vertical, na tradução do inglês) – um “indício técnico” de que o avião caiu no Atlântico.

Ainda há dúvidas sobre o que teria provocado essa série de problemas. Em caso de percurso errático, o acionamento do controle automático pode ser danificado, retirando o comando da tripulação e levando a aeronave a desvios súbitos de trajetória, com ganho ou perda radical de altitude e aceleração superior à suportada pelo equipamento.

“Até mesmo uma ruptura da carenagem em pleno voo pode ter ocorrido”, entende Jean Serrat, ex-comandante e integrante do Sindicato Nacional de Pilotos da França.

Serrat lembra ainda que, caso o piloto tenha decidido alterar a rota do avião, elevando de forma brusca sua altitude, com o intuito de evitar uma instabilidade, o desempenho do aparelho pode ter sido insuficiente.

Mas o coronel-aviador Ronaldo Jenkins de Lemos, diretor do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), diz que as más condições climáticas, “no máximo”, podem ter contribuído para o acidente, mas não foram um fator preponderante. “Mau tempo, raio, turbulência não acontecem só no Atlântico.”