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Desmatamento no Cerrado recua, mas em 7 anos é 60% maior que perda da Amazônia

O desmatamento no Cerrado apresentou uma queda nos últimos 24 meses em relação aos altos índices que vinham sendo observados nos últimos anos, mas ainda assim o bioma perdeu em 2016 e 2017 14.185 km² – quase a mesma área devastada na Amazônia no período, ou mais de 9 vezes a área da cidade de São Paulo. De 2010 para cá, o avanço da motosserra sobre a savana foi 60% maior que sobre a floresta.

Os dados, divulgados na manhã desta quinta-feira, 21, pelo Ministério do Meio Ambiente, fazem parte do chamado Prodes do Cerrado, monitoramento por satélite feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que em 2016 começou a ser feito anualmente nos mesmos moldes do que já ocorre para a Amazônia. Até então, havia somente estimativas de perda do bioma.

O levantamento também traz pela primeira vez dados da série histórica, a partir de 2010, com valores refinados e atualizados. E revela que a devastação no bioma por onde mais se expande o agronegócio no País foi muito maior do que o imaginado neste período. Para 2015, por exemplo, a estimativa preliminar divulgada no ano passado apontava uma perda de vegetação de 9.483 km². Agora se vê que foram cortados 11.881 km² de vegetação, uma taxa 25% maior.

Entre 2010 e 2017 o Cerrado perdeu 80.114 km². No mesmo período, a Amazônia viu sumirem 49.939 km² de floresta. A diferença é mais gritante até 2015. Nos últimos dois anos os dois biomas tiveram perda de área similar.

Cientistas e ambientalistas que acompanham o bioma veem uma transferência clara do avanço da motosserra para o Cerrado a partir do momento em que a fiscalização sobre a Amazônia cresceu. O governo também reconhece isso. De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, os acordos e moratórias que ajudaram a conter a perda da Amazônia acabaram vazando para o Cerrado.

O governo divulgou os números ressaltando as reduções mais recentes nas taxas. Se 2014 e 2015 tiveram, respectivamente, uma perda de 10.761 km² e 11.881 km²; em 2016 e 2017 o desmatamento caiu para 6.777 km² e 7.408km², redução de 43% e 38% em relação a valor de 2015.

Em coletiva à imprensa, Claudio Almeida, pesquisador do Inpe responsável pelo levantamento, afirmou que é mais ao norte do bioma, em especial no chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), por onde avança a fronteira agrícola, que se concentrou o desmatamento nos últimos dois anos. O Cerrado cobre cerca de 1/4 do território do País e se estende por 12 Estados.

Meta climática

Duarte lembrou a importância do bioma para a produção de água, a conservação da biodiversidade e a redução da emissão dos gases de efeito estufa que causam mudança no clima. “Portanto, combater o desmatamento desse bioma é estratégico. E é um grande salto que estamos dando na política de combate ao desmatamento”, disse em relação ao fato de que a partir de agora os dados do monitoramento estarão disponíveis em base diária.

O governo destacou que, com esses números, o Brasil já alcançou uma meta estabelecida pela Política Nacional sobre Mudança do Clima, de 2009, de redução de 40% do desmatamento do Cerrado até 2020, em relação ao desmatamento médio observado entre 1999 a 2008. Os dados de 2017 apontam que já houve uma redução de 53%.

“Esses números são expressivos, mas não representam conformismo em relação ao que estamos fazendo. É um indicativo de que precisamos continuar com o que estamos fazendo e ampliando ainda mais as nossas ações para continuar ampliando a redução de desmatamento no Cerrado”, complementou Duarte.

Segundo ele, a próxima etapa agora do programa de combate ao desmatamento do Cerrado prevê a intensificação dos diálogos com o setor produtivo, em especial com dois setores – a cadeia da carne e a da soja. “Estamos dialogando nos moldes do diálogo já bastante avançado há anos na Amazônia”, afirmou.

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