O índice de desmatamento da Amazônia em 2010 somou 6.451 quilômetros quadrados. Isso significa uma queda de 13,6% em relação ao ano passado. A queda é menor que a esperada pelo governo e se deve ao desflorestamento de áreas menores, que não são captadas pelos satélites que acompanham o desmatamento em tempo real.
Os dados serão divulgados nesta manhã pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em evento no Palácio do Planalto. Nessa solenidade, além dos números do desmatamento, também haverá a entrega de títulos de concessão de direito real de uso de terras às comunidades tradicionais e assinatura de decreto de macrozoneamento econômico-ecológico da Amazônia Legal.
A cúpula do governo federal apostava que a taxa oficial deste ano seria ainda menor, ficando próxima de 5 mil quilômetros quadrados. Essa expectativa mais otimista do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes) era baseada em uma projeção do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse sistema apontou queda de 48% na ação das motosserras no período de coleta da taxa oficial, que foi de agosto de 2009 a julho de 2010, comparado ao período anterior equivalente.
A expectativa do governo foi frustrada por causa do agravamento de um fenômeno que os satélites do Inpe já vinham captando nos últimos anos, mesmo que em escala menor. O desmatamento na Amazônia mudou de padrão e se concentra cada vez mais em pequenas áreas – menores de 50 hectares ou 500 metros quadrados -, que não são alcançadas pelos satélites mais rápidos e menos precisos.
Essa nova lógica de destruição florestal teria por objetivo justamente escapar dos satélites do sistema de alerta ao desmatamento, que aciona a ação de fiscais. Em outras palavras, o objetivo do novo padrão de abate é driblar a fiscalização.
Apesar da expectativa frustrada em relação ao tamanho da queda do desmatamento em 2010, de cerca de 20% em relação ao ano anterior, a taxa deste ano ainda assim será a menor dos 23 anos da série histórica, desde que o Inpe passou a monitorar a ação das motosserras na Amazônia. Em 2009, o governo já havia registrado um recorde, após obter uma redução de 42% do desmatamento. Em 2010, será o segundo recorde consecutivo.