A população de peixes da mata atlântica, assim como toda floresta, está em declínio. O desmatamento, aliado à silvicultura, à mineração e à ocupação humana, ameaça as mais de 300 espécies que vivem nos pequenos riachos e grandes rios do bioma, de acordo com o livro Peixes de Água Doce da Mata Atlântica, lançado ontem em São Paulo.

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A obra é resultado do trabalho de 30 anos de pesquisadores do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). Ela traz uma listagem de todos os peixes de água doce da mata atlântica, a maioria de pequeno porte: são 309 espécies, das quais 267 são endêmicas, ou seja, só ocorrem nesse bioma. Delas, 49 estão oficialmente ameaçadas de extinção, conforme as ?listas vermelhas? da União Mundial para a Natureza (IUCN) e do Ibama.

?O estado de alteração do bioma é tão grande que, sem ação imediata de proteção, boa parte vai desaparecer?, explica o principal autor do livro, Naércio Aquino Menezes. ?Eles são indicadores preciosos da qualidade da água.? Segundo Menezes, a incidência mais alta desses animais se concentra em áreas protegidas.

O corte das árvores tem impacto direto na saúde dos peixes. Isso porque uma vegetação mais rala reduz a quantidade de alimento, especialmente insetos, para os peixes. Além disso, há um superaquecimento das águas, pois seu guarda-sol natural não está mais disponível. A temperatura mais alta, além de promover mortandade, pode atrapalhar o ciclo reprodutivo dos animais, por alterações em processos químicos na água.

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As regiões em que os peixes foram mais afetados estão no Nordeste, entre Natal (RN) e o sul da Bahia – ainda que todos os rios e riachos onde ocorria a mata atlântica tenham sofrido impactos. Segundo levantamento da ONG SOS Mata Atlântica, restam apenas 7% da vegetação original em todo o País.