Goiânia (AE) – A partir das operações Castela e Madri, desencadeadas ontem, a Polícia Federal de Goiás, em conjunto com a polícia espanhola, prendeu 16 pessoas em situação de prostituição e uma quadrilha formada por 19 aliciadores de mulheres para fins de exploração sexual. As prisões ocorreram em três cidades de Goiás (Goiânia, Minaçu e Jussara), na capital paulista e nas regiões de Leon e Ourence, na Espanha.
Naquele país a quadrilha era chefiada pelo espanhol, Aquilino Gonzáles Iglesias. No Brasil, pela goiana, Maria Corina Fernandes. ?No total, a quadrilha aliciou 50 mulheres em Goiânia e nas cidades de Jussara e Minaçu, interior do Estado. Os aliciadores ganhavam R$ 800 por mulher que mandavam para a Espanha?, explicou o delegado Luciano Ferreira Dornelas, coordenador da operação. ?As mulheres foram levadas para a Espanha com a promessa de ganharem até R$ 350 por dia trabalhando como prostitutas num dos dois clubes controlados por Gonzales Iglesias: o M2, em Leon, ou o Clube Las Ninfas, em Ourence?, disse ele.
O delegado comentou que as mulheres eram retidas na Europa pelas dívidas contraídas junto à quadrilha.
?Elas chegavam à Espanha devendo quatro mil euros, cada uma, junto aos chefes da quadrilha, que financiavam desde a aquisição do passaporte à passagem aérea, e eram submetidas à situação de exploração sexual?, afirmou o policial. As investigações da PF começaram em janeiro do ano passado e as operações contaram com a participação de 47 policiais.
O chefe da quadrilha, o espanhol Aquilino Gonzáles Iglesias, foi detido pela PF ontem, às 15h, ao desembarcar de um vôo da Ibéria, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Segundo o delegado Luciano Ferreira Dornelas, o espanhol estava em fuga de Madri para São Paulo e será transferido hoje para Goiânia. Lá a quadrilha está sendo indiciada por falsidade ideológica e tráfico de mulheres.
Prisões
Em Goiânia foi presa a chefe da quadrilha, Maria Corina Fernandes, conhecida como Karen. Segundo o delegado Luciano Dornelas, ela atuava há quatro anos no tráfico de mulheres. Sua filha, Mônica Fernandes Chaves, está foragida. Outras sete pessoas, cujos nomes não foram divulgados pela Polícia Federal, também foram presas simultaneamente em Goiânia, Minaçu e Jussara.
Um médico de Goiânia está sob investigação da PF. Ele assinou blocos de receitas de medicamentos de uso restrito, entre eles o Cytotec e está sendo procurado. De acordo com a polícia, deverão ocorrer novas prisões de pessoas envolvidas com a quadrilha, nas próximas horas.
Na Espanha foram presos quatro brasileiros, membros da organização criminosa nos clubes M2 em Leon, e oito mulheres brasileiras em situação de prostituição. No Las Ninfas, em Ourence, foram detidos nove brasileiros (oito mulheres e um homem), e três deles trabalhavam para a quadrilha que traficava mulheres. ?O Brasil é um dos principais países exportadores de mulheres apara a exploração sexual na Europa?, afirmou o delegado Luciano Dornelas. ?E, ao contrário do que se pensa, os grandes focos dos aliciadores estão operando no interior do país, e não nas capitais?, enfatizou.