Recife (AE) – Nos anos 70, o agrônomo e fundador da Universidade Federal Rural de Pernambuco João Vasconcelos Sobrinho já alertava que no semi-árido estava surgindo ?um deserto com todas as características que conduziriam à formação dos grandes desertos existentes em outras regiões do globo?. Poucos ouviram.

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O nordeste não se tornou um novo Saara, mas a desertificação hoje ameaça a gente mais pobre do País, cerca de 30 milhões de pessoas em quase 1.500 municípios do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Também são afetados o norte de Minas Gerais e porções do Maranhão e do Espírito Santo.

Com o Orçamento reduzido do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o governo do nordestino Lula ainda caminha devagar no combate à desertificação. Em 2004, foram pagos R$ 834 mil de R$ 1.996.276 previstos no orçamento da pasta. No ano seguinte, estavam orçados R$ 7.264.698, no entanto foram pagos R$ 2.032.576, um corte de mais de 70%. Neste ano, a previsão é de apenas R$ 1.124.698. Outros R$ 23 milhões seriam aplicados na Bahia, Sergipe e Alagoas pelo programa de revitalização do São Francisco. ?Os recursos são mais usados em funções administrativas e na elaboração do plano nacional do que em ações concretas contra a desertificação?, disse o deputado federal João Alfredo (PT-CE).

Para o parlamentar, o problema é a falta de articulação governista. ?Enquanto o MMA tem uma visão socioambiental, se tem um ministério como o da Integração cuja grande meta são as obras do canal da transposição (do São Francisco) e há, ainda, o ministério do agronegócio, o da Agricultura. Se não houver entrosamento, pouco se resolve?, disse

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Hoje se encerra o prazo para votação de uma emenda à Constituição que reconheceria a caatinga e o cerrado como patrimônios nacionais, assim como a Amazônia, o Pantanal, a mata atlântica e a Serra do Mar. O tema é debatido há quase dois anos por uma comissão formada basicamente por parlamentares ruralistas.