O desemprego na Região Metropolitana de São Paulo aumentou em setembro, pelo segundo mês consecutivo. Pesquisa divulgada hoje (29) pelo Convênio Fundação Seade-Dieese mostra que a taxa de desemprego passou de 18,3% para 18,9% da População Economicamente Ativa (PEA) da região. Isso significa que havia 1,797 milhão de pessoas sem trabalho no mês passado, 61 mil a mais do que em agosto.
Segundo o diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Sérgio Mendonça, tal movimento não é usual para este período do ano, quando a economia normalmente estaria mais aquecida com a proximidade do Natal. No entanto, a retração do nível de atividades fez com que a taxa de desemprego no mês passado fosse a segunda maior para um mês de setembro desde 1985, quando a pesquisa começou a ser feita. A mais alta (19,7%) foi registrada em setembro de 1999, ano da desvalorização do real.
Apesar do crescimento da desocupação, o rendimento e o salário médio real subiram 1,1% e 0,9%, respectivamente, em agosto (último dado disponível). Para Mendonça, as demissões devem ter sido mais numerosas entre os menores salários, provocando essa elevação no salário médio. Comparados com agosto do ano passado, no entanto, o rendimento médio real diminuiu 7 2% e o salário recuou 4,5%.
No mês passado, o aumento do desemprego foi provocado tanto pelo número de demissões como pela maior procura por emprego no período. No mês, 37 mil postos de trabalho foram fechados, indicando uma queda na taxa de ocupação de 0,5%, o maior declínio registrado para setembro desde 1985. Ao mesmo tempo, 24 mil pessoas foram incorporadas ao mercado de trabalho.
Entre as demissões, 46 mil ocorreram na indústria e 43 mil no setor de serviços. O serviço doméstico e a construção civil criaram 42 mil ocupações, enquanto o comércio proporcionou outras 10 mil vagas. Mas a quantidade de novos postos foi insuficiente para compensar os que foram eliminados.
Em setembro, houve elevação da taxa de desocupação para todos os segmentos pesquisados, com exceção dos jovens entre 15 e 17 anos (-1,4%). O desemprego aumentou mais entre os chefes de domicílio (9,4%) e as pessoas de 40 anos e mais (8,5%). De acordo com a pesquisa, 75% dos domicílios são chefiados por homens.
?O problema é que, quando o chefe de domicílio está desempregado, a mulher e os filhos passam a procurar emprego, pressionando para cima a taxa de desemprego?, observa Mendonça.
Na avaliação do diretor do Dieese, a taxa de desemprego este ano deverá ser a segunda pior da série, atrás apenas da registrada em 1999. Segundo ele, a taxa média de 2002 deverá ficar entre os 19,3% de 1999 e os 18,2% de 1998. No ano passado, essa média foi de 17,6%, mesmo índice registrado em 2000. ?A situação continua complicada para o emprego este mês. Mesmo que melhore em novembro e dezembro, não deverá alterar o quadro para o ano?.