Rio – “Matei as crianças porque não ia deixar elas órfãs.” Foi com essa frieza que Jonílson dos Anjos Moraes, de 20 anos, confessou ontem que, na madrugada de sexta-feira, matou e deixou queimando, no quintal de casa, a tia, o marido dela e os dois filhos do casal, de 10 e 5 anos. Moraes morava com a família de favor havia um mês, em Magalhães Bastos, no Rio, e se revoltou porque a tia queria que ele voltasse para o Maranhão, onde nasceu. Segundo a polícia, Moraes é viciado em cocaína e admitiu ter se embriagado antes do assassinato. De acordo com a polícia, ele pode ser condenado a 60 anos de prisão.
O criminoso foi preso por acaso. Por volta de 20h30 de segunda-feira, ele estava num ponto de ônibus, depois de tentar se refugiar na casa de outra tia. Dois policiais militares passaram e desconfiaram do rapaz. Ao revistá-lo, viram que estava sem documentos e tinha dois cartões de banco em nome de Josinete dos Anjos Moraes e José Eduardo Bacelar Mello, os parentes que matou. “No momento da prisão, uma pessoa avisou aos policiais que Jonílson era suspeito da chacina, e ele foi reconhecido na delegacia”, disse o delegado da 33.ª DP (Realengo), Leonilson Ribeiro.
Sem arrependimento
Aparentando ser pessoa fria e sem se expressar claramente, o assassino contou aos jornalistas que não se dava bem com Josinete e Mello, que, afirmou, o humilhava e chamava de vagabundo. “Às vezes, eles arrumavam motivo para falar o que não deviam. Não tenho razão para me arrepender.” Moraes, que está desempregado, contou que matou primeiro os meninos Vítor, 10, e Matheus, 5, enquanto dormiam. “Usei um fio de náilon para enforcá-los. Tinha que fazer da maneira mais silenciosa possível.” Em seguida, foi ao quarto do casal e os golpeou na cabeça com uma pá de obra. “A mulher ainda tentou reagir”, disse o delegado.
A família foi empilhada e queimada nos fundos da pequena casa de quarto e sala. Moraes alegou que ateou fogo nos parentes porque não tinha como enterrá-los.