Durou mais de duas horas o depoimento da primeira testemunha de defesa do caso Carandiru. O desembargador Ivo de Almeida, juiz-corregedor do Carandiru em 1992, se reuniu com o coronel Ubiratan Guimarães e com o juiz Fernando Antônio Torres Garcia, entre outros, para avaliar a situação no presídio no dia do episódio. A sua função era tentar negociar com os presos, mas ele afirmou que “não havia verbalização” possível com os detentos.
A estratégia da advogada de defesa Ieda Ribeiro de Souza é desconstruir o depoimento do agente penitenciário Moacir dos Santos, testemunha de acusação ouvida na segunda-feira, 15. A advogada questionou se os PMs comemoravam os tiros que davam nas celas, como Santos havia afirmado, e se havia policiais atirando na entrada do presídio. Almeida negou as duas informações. “Em momento algum eu vi policiais matando e comemorando”. Sobre os PMS entrarem atirando, ele afirmou: “Se o seu Moacir viu isso eu não sei, mas do meu lado ele não poderia estar, porque eu não vi isso”.
Por volta das 12h20, a segunda testemunha de defesa, o desembargador Fernando Antônio Torres Garcia iniciou o seu depoimento. Garcia era juiz da Corregedoria na época do massacre e assim como a primeira testemunha, consentiu com a invasão da polícia militar no Pavilhão 9 no dia 2 de outubro de 1992. Nesta terça, pelo menos cinco testemunhas de defesa serão ouvidas, entre elas o ex-governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho.