O presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, considera que o clima de “desconfiança” na sociedade tem trazido dificuldades para que a companhia debata propostas de enfrentamento da crise hídrica. Durante congresso em São Paulo, ele citou a proposta da companhia para outorga do Sistema Cantareira e a retirada de água do Sistema Rio Grande, braço da Represa Billings.

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“Vivemos um contínuo bombardeio sobre nossas iniciativas”, afirmou. “Temos dificuldade como prestadores de serviço público porque somos vistos com desconfiança”, completou.

Sobre Rio Grande, Kelman afirmou que a água desse braço formador da Billings é “usada há décadas sem problema nenhum”. Ele criticou a comparação da qualidade dessa água com a de cercanias.

Já a respeito da outorga do Cantareira, o executivo afirmou que há água suficiente para abastecer tanto a população da Bacia de Piracicaba quanto a da Região Metropolitana de São Paulo.

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“Mostramos que tem água para as duas populações, não tem razão para discutir”, afirmou. O mesmo foi dito sobre a Bacia do Paraíba do Sul, sobre a qual Kelman disse que há água suficiente para abastecer Rio de Janeiro e São Paulo. “Fica tudo difícil porque tudo é visto com desconfiança”, afirmou a uma plateia que em grande parte incluía funcionários da própria Sabesp.

Ele instou a companhia a “aumentar seu capital cívico”. Durante sua fala, o executivo citou artigo do economista André Lara Rezende, afirmando que a falta de “capital cívico” faz com que o Estado e prestadores de serviços sejam percebidos como criadores de dificuldades.

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“Cria-se um clima de insegurança pela falta de confiança, pela percepção de que administradores estão sempre agindo com uma agenda escondida, mas não precisa ser assim, podemos fazer coisas de forma transparente”, acrescentou.

O executivo ainda ponderou que consumidores acabaram sendo afetados diante da queda na produção de água por causa da crise hídrica, mas disse que a companhia trabalha para “minimizar o sofrimento da população”. “Deve-se minimizar o sofrimento, mas não é possível que, cortando a produção, a percepção dos consumidores seja de normalidade, não é possível garantir isso”, concluiu.