Belo Horizonte (AE) – Uma barragem de rejeitos de bauxita rompeu ontem, deixando pelo menos 4 mil pessoas desabrigadas na cidade de Miraí, na Zona da Mata, em Minas Gerais. De acordo com o Corpo de Bombeiros, os rejeitos atingiram o Rio Muriaé, que transbordou, alagando as cidades de Miraí e Muriaé. Um homem de 21 anos foi arrastado pela correnteza. Uma grande quantidade de resíduos foi despejada no rio, em direção ao Estado do Rio. Os técnicos da Fundação Estadual do Meio Ambiente seguiram de helicóptero para o local. As causas do rompimento ainda não são conhecidas.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também enviou um grupo de emergência ambiental formado por quatro técnicos para Miraí. Segundo o chefe do escritório regional do Ibama em Juiz de Fora (MG), Aurélio Augusto de Sousa, o objetivo é cooperar com as autoridades ambientais mineiras no trabalho de contenção dos impactos do vazamento de lama de bauxita nos rios da região. Sousa disse que, apesar de não ser tóxica, a lama residual, resultante da lavagem da bauxita, é poluente e provoca impactos na fauna dos rios e na vida das pessoas que moram às margens dos rios.
Órgãos ambientais e a Defesa Civil de Minas Gerais estimam que cerca de 2 milhões de metros cúbicos de lama de bauxita tenham sido despejados no rio Fubá. O vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Miraí, Francisco Machado, que mora às margens do rio Fubá, considerou o acidente um desastre para a população local. Ele disse que a lama invadiu sua casa e prejudicou pastagens. ?É muita lama que desceu. Tem poste que desabou e muita gente desabrigada. O dano foi pesado, foi brabo. Na agropecuária, o impacto também foi muito grande, tanto nas pastagens quanto no rebanho. Na zona urbana, o estado é de calamidade. Meu prejuízo é incalculável. Se eu aproveitar alguma coisa dos meus móveis, é só 10%?, afirmou Machado.
O governo de Minas Gerais interditou, de forma definitiva, a mineradora Rio Pomba Cataguases. A decisão pela interdição foi tomada devido a reincidência do caso, já que um incidente semelhante já havia ocorrido em março do ano passado.
Este é o terceiro grande acidente provocado por rompimento de barreiras e vazamento de material poluente em rios da região. No início de 2003, foram despejados mais de um milhão de metros cúbicos de rejeitos tóxicos nos rios Pomba e Paraíba do Sul, pela empresa Cataguazes Indústria de Papel. Em março de 2006, um novo rompimento de barragem, desta vez da Mineradora Rio Pomba Cataguases, provocou o despejo de cerca de 400 mil metros cúbicos de lama resultante de lavagem de bauxita nos rios Fubá e Muriaé.
Acidente ameaça abastecimento no RJ
Rio (ABr) – O vazamento de dois milhões de litros de lama de argila e sulfato de alumínio no rio Miraí, em Minas Gerais, pode deixar 100 mil pessoas sem água no estado do Rio de Janeiro. A estimativa é do presidente da Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), Wagner Victer.
O vazamento foi causado pelo rompimento de uma barreira de contenção de resíduos da empresa Rio Pomba Mineração, do Grupo Química Cataguases. A estrutura da barragem não suportou o aumento do volume de água após as fortes chuvas que atingem a região há mais de uma semana.
Segundo Victer, os resíduos devem chegar ao estado do Rio de Janeiro ainda na madrugada de hoje, pelo rio Muriaé, o que pode causar a interrupção no fornecimento de água para as populações de diversas cidades. ?Esta questão é inaceitável. A empresa deveria estar fechada e os responsáveis deveriam estar presos?, criticou Victer.
O rio Muriaé desemboca no rio Paraíba do Sul, que passa por Campos, um dos principais municípios fluminenses, no norte do estado. Para contornar a situação, a Cedae já providenciou o envio de 38 carros-pipa para os cinco municípios que poderão ser diretamente afetados: Laje do Muriaé, Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira, e São José de Ubá.
O secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, classificou o episódio de crime ambiental. ?O dono da fábrica tem responsabilidade objetiva, pois o vazamento é reincidente e não foram tomadas providências suficientes para evitar a poluição?, criticou Minc.
Minc enviou um ofício ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a empresa responsável poderá ser multada.
